[São Paulo-SP] Ossada de desaparecido político durante a ditadura militar é identificada

A Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos confirmou a identidade da segunda ossada encontrada na vala clandestina de Perus, em São Paulo.

Quarenta e sete anos sem notícias, sem um único registro após o desaparecimento. Na segunda-feira (03/12) veio o anúncio: a ossada do sindicalista Aluízio Palhano, morto durante a ditadura, foi identificada. “Encerrou um ciclo e a gente tinha direito a isso. E agora o luto pode ser feito”, relata Márcia Ferreira Guimarães, filha de Aluízio Palhano.

Os restos mortais de Aluízio estavam em uma vala clandestina de Perus, no cemitério Dom Bosco, em São Paulo, junto com mais de mil ossadas. É a segunda confirmação desde 2014. A primeira foi do militante Dimas Antônio Casemiro. Um exame de DNA permitiu as identificações.

Eles são analisados do ponto de vista do perfil biológico, qual que é a estatura, qual que é a faixa etária, qual que é o sexo, se tem algum trauma, se aquela lesão, aquela fratura pode ter sido motivo de tortura ou se causou a morte”, diz Samuel Ferreira, coordenador científico da Comissão.

Em Brasília, as famílias que buscam descobrir o desfecho da história de vida desses parentes se reuniram no encontro da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Os parentes vão receber atestados de óbito com a mudança na causa da morte, que ocorreu em razão da violência da ditadura. Com isso, as famílias vão conseguir o documento final no cartório e as mudanças nos registros oficiais. Os parentes de desaparecidos políticos classificam essa etapa como uma reparação moral.

Lygia já conseguiu a certidão de óbito do pai, José Jobim, ex-diplomata, morto em 1979, após dizer que contaria, em um livro, a corrupção na Usina de Itaipu. O documento, agora corrigido, diz que a morte é resultado de violência e perseguição.

Em nome do meu pai, porque este atestado pertence a ele. Então em nome dele, eu dedico este atestado a todos os familiares das vítimas de tortura e a todos os familiares dos desaparecidos políticos no Brasil”, diz Lygia Jobim, filha de José Jobim.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

o céu resfria
a lua vestiu
uma charpa de bruma

Rogério Martins