A seguir, pronunciamento lido no ato pela liberdade de Mumia Abu-Jamal realizado em frente da Embaixada dos Estados Unidos na Cidade do México, em 9 de dezembro.
Hoje domingo 9 de dezembro de 2018, estamos do lado de fora da embaixada dos Estados Unidos para exigir a liberdade de Mumia Abu-Jamal, preso político durante 37 anos. Estamos aqui para dizer que NÃO vai morrer na prisão! Enviamos nossa solidariedade às ações que se realizam continuamente em sua cidade natal da Filadélfia.
Mumia Abu-Jamal não é preso por haver assassinado o policial branco Daniel Faulkner em 9 de dezembro de 1981, como alegam seus inimigos na Ordem Fraternal da Polícia (FOP) e a Promotoria da Filadélfia. O criminalizaram e condenaram a morte devido a sua história com os Panteras Negras, sua proximidade à organização MOVE, e seu jornalismo revolucionário. Quando não puderam assassiná-lo na cadeira elétrica ou por injeção letal devido ao apoio internacional que tem, em 2011 lhe deram sentença de prisão perpétua – a morte lenta na prisão. No ano de 2015 soubemos que teve hepatite C. Depois de uma luta internacional para exigir tratamento, por fim lhe deram os novos medicamentos que erradicaram a hepatite, mas ele ficou com cirrose hepática, algo que faz nosso esforço para ganhar sua liberdade ainda mais urgente.
Em 2016, se abriu a possibilidade de novas apelações no caso de Mumia. A Suprema Corte dos Estados Unidos sentenciou no caso Terrence Williams v. Pensilvânia, que se viola a Constituição quando um juiz considere um caso no qual foi anteriormente envolvido. Nesse caso, o Promotor da Filadélfia Ron Castille conseguiu a sentença de morte para Terrence Williams, que havia matado o senhor que o havia violado durante anos. Uma década depois, quando Castille era juiz da Suprema Corte da Pensilvânia, ele revisou suas próprias decisões e avaliou a pena de morte. Fez o mesmo no caso de Mumia e outros 14 casos. Com base neste precedente, Mumia pediu a revogação das apelações avaliadas por Castille, que se negou a recusar-se quando era juiz. Em uma série de audiências a partir de 2017, o juiz Leon Tucker ordenou ao novo Promotor progressista, Larry Krasner, a entregar provas de que Castille teve envolvimento significativo no caso de Mumia, coisa que Krasner não fez até esta data. Agora se espera a decisão de Tucker no caso.
O Estado reconhece a história de luta de Mumia Abu-Jamal e por isso busca calar sua voz, acabar com sua vida, erradicar seu exemplo de resistência. Para nós, esta história é motivo para levantar a voz, por abaixo os planos para assassiná-lo e reforçar nossa resistência.
E por que o temem tanto? Ele mesmo respondeu esta pergunta em uma entrevista: “Para muitos indivíduos, especialmente para os da instituição, represento seu pior pesadelo… O temor é que a revolução negra se acenda de novo.”
Desde sua cela, Mumia Abu-Jamal segue lutando através de seus escritos. Escreveu onze livros, mais de dois mil ensaios, e discursos anuais em universidades e reuniões internacionais.
Um de seus temas constantes tem sido o sistema carcerário letal em seu estado da Pensilvânia e em todo o país, marcado pela escravidão, a supremacia branca e as práticas de tortura, isolamento, privação sensorial, violação, surras, instrumentos paralisantes, utilização de temperaturas extremas, utilização de luz constante ou ausência de luz, entre muitas outras medidas que provoquem a dor física ou mental pelo propósito de castigar ou intimidar as e os presos e evitar levantamentos nas prisões.
Outro tema tem sido a luta contra o terror policial em seu país, especialmente a partir do levantamento da juventude negra em Ferguson, Missouri, depois do assassinato de Mike Brown.
Este ano foi muito ativo para Mumia Abu-Jamal. No final de 2017, publicou seu livro As Vidas dos Negros Alguma Vez Importaram? Também escreveu o Epílogo do livro Busquem-me no Torvelinho. Desde os 21 Panteras até as revoluções do Século XXI. Em 2018 publicou com Stephen Vittoria o primeiro de três volumes de Assassinato Incorporado: Império, Genocídio e Destino Manifesto.
Mumia Abu-Jamal tem sido muito solidário com outros presos políticos, como Leonard Peltier, Mutulu Shakur, Jalil Muntaqim, Veronza Bowers, ‘os 9 do MOVE’, Russell ‘Maroon’ Shoatz, Kamau Sadiki, Imam Jamil Al Amin, entre outros nos Estados Unidos. Agora nos dá esperança a recente liberação de Debbie e Mike Africa da Organização MOVE depois de passar 40 anos na prisão.
Mumia também escreveu em apoio a presos em outros países, como as e os defensores da água em San Pedro Tlanixco no México. Estamos aqui para exigir sua liberdade. São Dominga González Martínez, Marco Antonio Pérez González, Lorenzo Sánchez Berriozábal, Pedro Sánchez Berriozábal, Teófilo Pérez González e Rómulo Arias Mireles.
Também exigimos liberdade para os presos Luis Fernando Sotelo e Miguel Peralta Betanzas. E no cenário internacional, exigimos liberdade para Ahmad Sa’adat e mais de 6.500 presos palestinos nas prisões israelenses e todos os presos políticos do mundo.
Liberdade para Mumia Abu-Jamal!
Presas e presos políticos liberdade!
Abaixo os muros das prisões!
Amig@s de Mumia do México
Tradução > Sol de Abril
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