por Acratosaurio rex | 08/12/2018
Os 42% das abstenções na Andaluzia, desnorteia a esquerda, que não entende como tanta gente deixou de jogar suas cédulas nas urnas. Não podem explicar, apesar de serem tão inteligentes e terem tantiiiisimos graduados, porque tantos eleitores acreditam que seu voto é uma merda inútil, preferindo dedicar esse dia sagrado e participativo em outras coisas. E assim, se alguém diz ao candidato de esquerda que não votou nele, reprovam a imaturidade política, e dizem que a entrada dessa ralé no Parlamento é devido a minha abstenção dogmática e, em geral, a abster-se. E resulta sem pensar muito, que o fascismo deve ser parado pelo voto. E ele lança o desafio: se Hitler chegasse ao poder, você também se absteria?
Não importa que Hitler esteja morto e suas cinzas espalhadas. Vamos avaliar quantas pessoas teriam que votar para parar os pés de Hitler, graças a esse compêndio de sabedoria que é a Wikipedia, que concentra todos os resultados eleitorais da República de Weimar.
Nas eleições de setembro de 1930, votaram 81,95% do censo. Hitler obteve 18,25% dos votos, (eliminada a abstenção). Nesta ocasião, os socialdemocratas venceram.
Em julho de 1932, 84,10% das pessoas votaram, e Hitler levou 37,27%. Ele ganhou, mas não o suficiente para governar sozinho.
Em novembro de 1932, a participação caiu para 80,58%. Hitler perdeu eleitores ficando em 33,09%. Quanto mais abstenção, menos nazismo, portanto.
Por outro lado, nas eleições de março de 1933, 88,74% dos hunos foram votar, e Hitler obteve 43,91% dos votos. Não. Nãooo conseguiu a maioria absoluta. Ele não tinha 36 assentos… e ainda implantou a ditadura. Nas eleições que vieram depois, somente Ele apareceu.
Que lições podemos tirar dessas operações matemáticas? Bem, ao contrário do que se pensa, Hitler nunca ganhou uma eleição democrática de maneira absoluta. E a abstenção não foi o que levou Hitler ao poder. Em Bochelandia votavam muitas pessoas, mais de 80%, e ainda assim Hitler foi ganhando cada vez mais votos, exceto quando houve mais abstenção em novembro de 1932, quando os nazistas perderam muitos eleitores. De onde se pode deduzir que quanto mais pessoas votarem, mais nazistas aparecem.
Enfim, para mim o que levou Hitler ao poder, foi por um lado a sorte e o azar, por outro lado, suas milícias de assassinos, juntamente com o apoio dos partidos burgueses, para não mencionar a estupidez dos socialdemocratas e comunistas, que se dedicaram a lhe fazer guerrear em vez de buscar pactos para governar e sair da paranoia nacionalista em que a grande nação teutônica havia afundado. E, claro, a culpa dos eleitores que acreditavam no scheißedeutschland e que achavam que votar nos nazistas era a solução.
E isso lhes conto apenas para saber, quando lhe convidarem a votar para parar a ascensão do fascismo, que não têm nada a ver com as eleições e abstenção, com o crescimento eleitoral da extrema direita. Os fascistas crescem ou diminuem porque os eleitores conscientes lhes votam mais ou menos. Eles não crescem porque os abstencionistas recalcitrantes aprovam as eleições. O parlamento é um efeito. Não a causa.
Portanto, se eles pedirem para você votar para barrar o fascismo… na realidade eles querem que você vote neles. E como eles não sabem como dobrar sua moral, eles recorrem a Hitler, que é o curinga. Apesar de hoje, é impossível que chegue ao poder, mesmo reunindo as suas cinzas… Os militantes o sabem! Hitler não chegou a posição de Chanceler graças à abstenção, se não precisamente pela ausência dela.
Portanto, eu sempre me absteria? Bem, eu não descarto votar se houvesse algo muito grande em jogo, como baixar um gato de uma árvore. Vou, voto, e um político sobe à árvore milenar, e para tirar o gato, que lhe arranha impiedosamente enquanto desce com o bicho agarrado ao seu couro cabeludo, miando como um louco entre gritos de sofrimento indizível e rosto desfigurado. Dane-se. Quem não votaria, só para ver um político fazendo algo útil?
Fonte: http://alasbarricadas.org/noticias/node/41080
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!