[Rússia] Anarquista Azat Miftakhov é solto e detido novamente

O anarquista Azat Miftakhov, estudante de pós-graduação em matemática e mecânica na Universidade Estadual de Moscou, está sob custódia até 7 de março de 2019.

O juiz da Corte Distrital de Golovina, Sergei Bazarov, fixou a custódia de Azat Miftakhov por um mês, até 7 de março, a pedido dos investigadores da polícia. A polícia suspeita que Miftakhov esteja envolvido em um incidente ocorrido em 13 de janeiro de 2018 em Moscou, no qual uma janela da sede do partido Rússia Unida foi quebrada e uma bomba de fumaça jogada no interior do imóvel.

A única evidência no caso é o relato de uma “testemunha” secreta que emergiu há três dias. Alegadamente, a “testemunha” estava perto da sede do Rússia Unida na noite do incidente. Ele conta que viu seis jovens. Três dos jovens quebraram a janela e jogaram uma bomba de fumaça lá dentro, enquanto os outros três ficaram de lado observando. A suposta “testemunha” disse que Miftakhov estava entre o grupo que ficou de pé e observando, mas ele não foi capaz de descrever o que Miftakhov estava usando ou suas características faciais, apenas suas “sobrancelhas expressivas”.

Miftakhov foi detido por policiais na manhã de 1° de fevereiro sob suspeita de confeccionar explosivos, uma ofensa criminal, conforme definido pelo Artigo 223 Parte 1 do Código Penal Federal Russo. Ele foi mantido por vinte e quatro horas na delegacia de Balashikha, onde policiais o torturaram, exigindo que ele fizesse uma confissão completa. Somente na noite de 2 de fevereiro Miftakhov foi oficialmente detido e enviado para o Centro de Detenção Temporária de Balashikha.

Em 4 de fevereiro, no entanto, um tribunal recusou-se a detê-lo sob custódia devido à falta de provas. Nos três dias seguintes, os investigadores da polícia não conseguiram reunir provas contra Miftakhov e, em 6 de fevereiro, ele foi libertado do centro de detenção temporário sem acusação formal.

Quando Miftakhov estava saindo do centro de detenção, ele foi  novamente detido por homens à paisana e levado para a sede do Ministério do Interior para a Divisão Administrativa do Norte de Moscou, onde foi informado que havia sido detido por outro caso, uma investigação de conduta desordeira realizada em Moscou em 13 de janeiro de 2018.

Em uma coincidência surpreendente, assim como Miftakhov foi detido pela segunda vez, o caso foi reclassificado como uma investigação de conduta desordeira, como definido pelo Artigo 213 Parte 2 do Código Penal. Pessoas suspeitas de conduta desordeira podem ser detidas sob custódia, e Miftakhov subitamente tornou-se o principal suspeito do caso. Em 10 de fevereiro, o Tribunal Distrital de Golovina, em Moscou, recusou-se a prender Miftakhov sob custódia, adiando a audiência para 12 de fevereiro, que posteriormente foram confirmadas.

Miftakhov nega as acusações contra ele. Ele acredita que foi enquadrado por causa de suas visões anarquistas.

Mais de mil professoras, professores, pesquisadores e estudantes das principais universidades russas e internacionais assinaram uma petição em defesa de Miftakhov, incluindo o professor de linguística do MIT Noam Chomsky e Viktor Vasilyev, presidente da Moscow Mathematics Society, Mikhail Finkelberg, professor da Escola Superior de Economia e Boris Kravchenko, presidente da Confederação do Trabalho da Rússia (KTR) e membro do Conselho Presidencial de Direitos Humanos da Rússia, e o parlamentar russo Oleg Shein.

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