por Javier Verdión Castro
Como movimento político de ação, transformador e revolucionário, o anarquismo sempre teve uma grande incidência na cultura; também no que sempre foi o gênero ou a expressão artística que mais consciências removeu, o teatro.
Desde suas mesmas origens, as ideias anarquistas se infiltraram no mundo teatral através de dramaturgos com certo reconhecimento na literatura universal (Ibsen, Tolstoi, Gorki, Grave, Mirbeau, Hauptmann, Shaw, Dicenta, Galdós, Casona, J. Sender e um longo etc), que introduzem o ideário ácrata em suas obras mediante personagens, temáticas e ações, e também através de autores menos conhecidos mas muito próximos das correntes anarquistas (Malatesta, Flores Magón, Ghiraldo, Cortiella, Urales, Bajatierra, Barriobero…).
A filosofia de vida da qual é testemunha, o teatro anarquista tem seu auge nos últimos anos do século XIX, e primeiro terço do XX, período que foi pesquisado em profundidade por alguns estudiosos. Todos eles coincidem em retratar essa época como uma das mais prolíficas, não só em escrita dramática, mas também em representações dramáticas (de autores consagrados, de contemporâneos, de aficionados…) que encheram ateneus libertários, associações culturais e estudantis ou sindicatos. Ditas representações exigiam a atitude comprometida do espectador, daí que Lily Litvak, uma das pessoas que mais estudou a cultura anarquista em nosso país, considere aquele teatro como “um claro antecedente das práticas contemporâneas de arte dramática participativa, dos happenings e das criações coletivas”. Não obstante, o esplendor do anarquismo e sua manifestação cênica se viu duramente truncado pelo desenlace da contenda civil espanhola, assim como por outros tantos conflitos bélicos que trouxeram consigo a imposição de regimes autoritários ao longo do século passado, e com isso a repressão ou o afã de acabar com toda forma de pensamento libertário.
O relevo de uma dramaturgia ácrata
Hoje em dia, ainda que as práticas autoritárias se mantenham nos estados e governos de toda índole, é evidente que não conseguiram silenciar o anarquismo nem o teatro que sempre foi seu reflexo. Dramaturgos ativos e comprometidos como Darío Fo, Héctor Schujman, Armand Gatti ou Howard Zinn, entre outros, recolhem o testemunho de uma dramaturgia ácrata mais ou menos ortodoxa que nunca deixou de existir nem no criativo nem no cênico. À margem do intelectual, o teatro anarquista deve ser todo aquele que contemple os modos da ação direta e uma finalidade consequente com o ideal que quer transmitir e tornar realidade. Neste sentido, as dramatizações de rua que os movimentos sociais costumam por em cena na hora de abordar os conflitos que atualmente nos afetam (a simulação de um bombardeio, a ocupação de um IKEA, a representação de uma possível catástrofe nuclear ou o encadeamento a que nos submete o sistema, que muitas vezes levam a cabo grupos populares e antissistema) são fiel exemplo de que o anarquismo e suas maneiras de realização seguem vigentes e inclusive resultam muito efetivas.
O teatro anarquista, portanto, vive de alguma maneira no presente graças aos espaços e ações da contracultura mundial (centros sociais, movimentos antiglobalização, eventos reivindicativos…) e seu futuro acaso dependerá em parte das pessoas que sempre acreditaram em um sistema social mais justo, e na necessidade do mesmo.
Fonte: https://www.diagonalperiodico.net/culturas/tomar-ikea-o-la-furia-del-teatro-anarquista.html
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
surgidos do escuro,
somem na moita, na noite:
amores de um gato
Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!