Qual é a distância entre o anarquismo e a academia? E entre a antropologia e o anarquismo? Estas perguntas são compreensíveis à medida em que, como afirmou David Graeber, o âmbito acadêmico se baseia em uma separação entre a teoria e a prática que colide com a importância para o anarquismo da relação entre prática e pensamento e entre fins e meios.
O autor considera que “mais que uma Grande Teoria, poderíamos dizer que o que falta ao anarquismo é uma Base Teórica: um mecanismo para confrontar os problemas reais e imediatos que emergem em todo projeto de transformação”. A pergunta, portanto, é: “Que tipo de teoria social pode ser realmente de interesse para quem tenta criar um mundo no qual as pessoas sejam livres para administrar suas próprias questões?”. A suposta debilidade do anarquismo no âmbito teórico é, na verdade, a força de práticas políticas capazes de se converter em ferramentas úteis nos contextos históricos e geográficos diferentes, como se refletiu nos movimentos sociais como a antiglobalização ou o 15M, através de assembleias dinâmicas e da democracia e ação direta.
Fragmentos da antropologia anarquista aborda a importante ligação entre anarquismo e antropologia, entendendo os antropólogos como “o único grupo de cientistas sociais que conhecem as sociedades sem estado que existem na atualidade; muitos viveram em locais do mundo onde os Estados deixaram de funcionar ou que, com pouca atividade, foram desaparecendo com o tempo”.
>> David Graeber (1966)
Referência internacional da antropologia anarquista e do pensamento crítico, é um dos renovadores das ideias libertárias. Além de seu trabalho acadêmico, Graeber foi um ativista sindical e recentemente foi uma das referências no Occupy Wall Street. Maurice Bloch referiu-se a ele como “O melhor teórico da antropologia de sua geração.” É o autor de Direct Action: An Ethnography (Ak Press, 2009), Trabalhos de merda. Uma teoria (Ariel, 2018) e, com Marshall Sahlins, de On kings (HAU Books, 2018).
Fragmentos de antropología anarquista
David Graeber
10 €
160 págs
978-84-92559-92-3
Tradução > Daitoshi
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!