Foram divulgadas novas composições do artesão, que revelam qual era seu olhar sobre a política nacional, entre outros temas
por Luis Gasulla | 20/04/2019
Apesar de que faz um ano e meio Santiago Maldonado está na boca de grande parte dos argentinos, sua voz permaneceu oculta até que Infobae publicou duas canções inéditas de sua autoria. Agora se conheceu o álbum completo que ele gravou em meados do ano 2016 e que já circula no YouTube.
É um disco que sua família e amigos não queriam difundir, mas que finalmente acabou vazando. As letras não deixam dúvidas: suas críticas musicais atravessam transversalmente o espectro político e incluem o kirchnerismo e o macrismo. Também a Igreja.
Insultos ao “merda” de Néstor Kirchner, a Cristina Kirchner e a Mauricio Macri. As canções deixam entrever o olhar do artesão sobre a política nacional e seus principais protagonistas.
Intitulado “No me olvides. La lucha continúa“, o póstumo primeiro disco de Santiago Maldonado expressa sua real postura frente à classe dirigente e política argentina. No tema “Santa Blasfemia“, o tatuador nascido na localidade de 25 de Mayo, grita por “la revolución” e se autodefine como um “nihilista” e um “hechicero que no está casado, no tiene un trabajo asegurado y que no viene a arrepentirse de sus pecados“.
As menções à Igreja Católica, Lucifer, o Diabo, o cristianismo, o Vaticano e o inferno, são constantes. Na citada canção, Maldonado rapeia:
(Fragmento “Santa Blasfemia“)
Hay muchos niños que son de planes político,
Asignación Universal por hijo,
Papa Francisco no te hagas el místico,
Él que alcanzaste el Nirvana,
la concha de tu hermana (SIC)
hay tanta gente en cana
por expropiar una banana
de la selva africana
y vos haciéndote el “Sana-Sana”
con la sotana
Besando a las ancianas que se comen el cuento
de tu sucio sacramento
huele a excremento
te detesto
Sos tan mierda (SIC) igual que el resto
De los magnates que visten de seres honestos
Como el sorete de Kirchner Néstor
des – onestor (SIC)
Que el pueblo lo adora
Como si fuera una droga
Outra das canções mais duras de Maldonado é “Sigo siendo Punky“, onde insulta Cristina Kirchner e Mauricio Macri da mesma forma. Com um ritmo mais dançável, o rap do jovem morto em Chubut, assegura que “aplastará las doctrinas como un elefante, como el huracán Katrina” e diz que “la cosa se puso cretina pues fueron varios años de planificación en asesina, orina en la boca de Cristina (SIC) Macri es un rati con cara de Ghandi, no le compro a nadie sigo siendo punky“. Anarquismo puro.
(Fragmento “Sigo siendo punky“)
Aplastaré las doctrinas
Como un elefante, como el huracán Katrina
Pasaré y robaré el dinero que esté en el pozo vacante
La vida del maleante no lleva crucifijo
Se caga en el padre, en el Espíritu Santo y en el hijo
Exijo mi vida no quiero verla detrás de una vitrina
La cosa se puso cretina, fueron varios años
De planificación en asesina
Orina en la boca de Cristina,
Macri es un rati, con cara de Ghandi,
No le compro a nadie, sigo siendo punky
Em “Argensina” critica a corrupção em geral mas mencionando, pontualmente, os bolsos repletos de milhões de dólares do ex funcionário kirchnerista, José López, no convento do General Rodríguez e a corrupção K. Com um ritmo mais funk e uma sirene de ambulância marcando o ritmo, Maldonado reflete seu estado de ânimo em um país no qual “aparece la corrupción” e em que “dólares aparecen escondidos en mansiones, en conventos” pois “ese dinero ya fue robado a mí, a ti y a nuestros antepasados, la naturaleza exige ¡Venganza!“. O cantor questiona o suposto progresso capitalista, a revolução industrial e expressa suas broncas, uma e outra vez, para a Igreja Católica.
Em “Soy el Brujo“, o jovem falecido no Río Chubut se define como “anarquista” e “un vikingo que detesta al cristinismo” já que “no me gusta el lujo, al burgués lo estrujo, le saco el flujo como un león rujo, de la región de Cuyo, no huyó, lo que no me gusta, lo destruyo“. Agrega que há que “tirarle piedras a quien nos detenga, romperle sus piernas y su camioneta. Matarlo si es yuta o proxeneta, escupirlo si es un careta“.
Outras das criações do CD pós morte são “Dios del Verso“, “Jesús o José” (onde chama “tarado” a Jesus e o menciona como o que “vende los huevos” (pelos ovos de Páscoa), “La danza del fuego“, “Santo Sudario” e “Nadie manda, nadie obedece“.
As canções compostas e interpretadas pelo próprio artesão refletem seus verdadeiros pensamentos. Politicamente incorreto, combativo contra o sistema capitalista e a Igreja Católica. Um jovem anarquista distanciado da política tradicional, inclusive, do kirchnerismo que, desde meados de 2017, reinterpretou Maldonado usando-o em seu próprio benefício.
Em novembro de 2017 Infobae já havia divulgado duas canções do artesão. Nessa oportunidade tinham sido divulgadas “Santo sudario” e “La danza del fuego“. Ambas giravam em torno da figura do papa Francisco.
Tradução > Sol de Abril
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