A melhor coisa que poderia ter acontecido foi a suspensão da conga pela diversidade que, sob a tutela do CENESEX, é realizada todos os anos pelo dia contra a homofobia. A comunidade LGBTI+ havia manifestado seu desacordo nas redes sociais e decidiu marchar por conta própria.
Durante vários dias os anúncios circularam até que chegou a data do protesto. Durante esse período, algumas pessoas foram ameaçadas e/ou assediadas para que não chegassem ao local. Na manhã de sábado, 11 de maio, os ativistas Jimmy Roque e Isbel Díaz Torres foram presos.
Por volta das quatro horas da tarde, o Parque Central – que já estava cercado por policiais – foi ocupado por ativistas e pela imprensa. Ninguém pediu permissão. A caminhada começou no Passeio do Prado. Os jovens – deve-se dizer, a maioria deles – gritavam: “não precisamos de conga”, “Cuba diversa”, “marchamos pelos nossos direitos”, “por Cuba maior, por nossos direitos maiores”; e tremulavam bandeiras.
Descendo a rua, ao lado do Prado, havia outra caminhada paralela, mais estressada e acompanhada por patrulhas. Alguns usavam uniformes, mas outros eram civis e fingiam se camuflar na multidão, embora fossem perfeitamente reconhecíveis.
Tudo correu de forma organizada, pacífica e alegre. No final do Prado, quando estavam prestes a chegar a Malecón, as autoridades intervieram, desdobrando a força policial e cercando os que marchavam. Parecia uma armadilha, no entanto, apesar da situação absurda e tensa, ninguém se deixou provocar, não houve qualquer agressividade até que várias pessoas sem uniformes abruptamente pararam alguns ativistas.
Ante a impossibilidade de continuar, e fustigados pela polícia, tampouco houve reações inadequadas, pelo contrário. Agora o governo inventará desculpas para justificar as cenas que aconteceram ali; eles procurarão agentes da CIA ou pagos pela máfia de Miami; imporão multas; encerrará os ativistas que foram detidos desde a manhã para impedi-los de chegar ao Parque Central; mas as imagens já estão viajando pelo mundo e todos nós que estivemos lá somos testemunhas do que realmente aconteceu.
Este sábado 11 de maio permanecerá na memória de muitos, e não apenas pelas cores do arco-íris que brilharam como nunca. Mas porque a sociedade civil mostrou que pode organizar-se, juntar-se, apoiar-se. Ela já sabe que não precisa esperar a permissão de ninguém para se fazer sentir em suas próprias ruas.
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