por El Estornudo | 12/05/2019
Ativistas e membros da comunidade LGBTIQ em Cuba marcharam este sábado (11/05) de maneira independente pelas ruas de Havana em defesa de seus direitos após o cancelamento da chamada Conga pela Diversidade que anualmente é organizada pelo Centro Nacional de Educação Sexual (CENESEX). A celebração pública do orgulho gay não só foi vigiada de perto pelas autoridades, mas também interrompida e reprimida violentamente.
Os manifestantes clamaram pela aprovação do matrimônio igualitário e, em termos gerais, por uma “Cuba diversa”. A partir das 16h30 dezenas de pessoas, jovens em sua maioria, transitaram com bandeiras multicores ao longo do Prado havaneiro, enquanto policiais e agentes do Ministério do Interior vestidos à paisana os escoltavam e se misturavam entre a multidão.
Na altura do Prado e Malecón, a marcha foi obstaculizada pelas autoridades. Os manifestantes reclamaram em vão a passagem pela avenida marítima ou a rua San Lázaro. Então vários ativistas foram submetidos violentamente em um novo capítulo de detenções arbitrárias na ilha.
Nas imagens capturadas por Alba Graciela se vê a alegria e o colorido desta parada gay: jovens que se beijam longamente, o arco-íris envolvendo os corpos, a palavra “PAZ” (“PACE”, em italiano).
Também se revela a tensão da jornada em uma das mais populares artérias de Havana: discussões entre ativistas e agentes civis, as forças vigilantes da ordem, um contingente ameaçador de “construtores”, literalmente a violência, cruenta sobre uns corpos que esta tarde, justamente, foram demandar toda a liberdade que ainda lhe nega uma sociedade machista, provinciana, sufocada por um poder totalitário.
Em uma das poucas reações “oficiais” após os fatos, Mariela Castro — filha do ex presidente Raúl Castro — disse que a demostração deste sábado, paralela às atividades organizadas pelo CENESEX, não foi mais que um “show convocado desde Miami e Matanzas”, lançando assim, uma vez mais, o expediente da manipulação estrangeira sobre as ações independentes da sociedade civil cubana.
Este domingo, o cantor e compositor cubano Silvio Rodríguez subscreveu em seu blog “Segunda Cita” as críticas de seu colega Vicente Feliú aos acontecimentos da véspera: “A repressão absurda, vergonhosa, perigosamente chamativa, da marcha gay desta tarde é definitivamente indefensável. E para mim está claro que subsistem tendências muito negativas e retrógradas dentro de algumas autoridades com muito poder, que sobram cada vez mais e estão incrustados no país, e a este povo que tem determinação para mil anos mas está cansado das porcarias das mentalidades que têm que acabar e serem mudadas ou vão nos afundar num mar de descaso. (…)”.
Dias antes um comunicado do CENESEX havia anunciado: “Cumprindo com as orientações do Minsap não se realizará este ano a Conga cubana contra a Homofobia e a Transfobia, por determinadas circunstâncias que não ajudam o seu desenrolar exitoso, tanto em Havana como em Camagüey, sem que isso implique não retomá-la para o próximo ano. As novas tensões no contexto internacional e regional afetam de maneira direta e indireta a nosso país e tem impactos tangíveis e intangíveis no desenvolvimento normal de nossa vida cotidiana e na implementação das políticas do Estado cubano”.
(Fotos cortesia de Alba Graciela).
Tradução > Sol de Abril
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agência de notícias anarquistas-ana
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!