por Sam Harvey | 23/04/2019
Em meio a um clima de consumismo excessivo, a Loop Groop é uma ilha soberana em um oceano aparentemente indiferente de empreendimentos sociopáticos.
É a maneira de Carl Naus e Dylan Pyle reivindicarem as liberdades que eles acreditam que devem ser oferecidas a todos nós. Carl e Dylan são anarquistas e as bicicletas são independência irrestrita.
“A bicicleta realmente simboliza um monte de valores anarquistas”, diz Carl durante nossa entrevista em seu galpão de bricolagem que é construído com madeira recuperada de lixões.
“Você pode consertá-la por conta própria, é grátis, e você não precisa colocar gasolina nela”.
“Você não precisa registrá-la”, Dylan acrescenta.
A Loop Groop é uma cooperativa de bicicletas sem fins lucrativos. Ela tem um estoque de peças de bicicletas usadas que você pode usar para montar sua própria bicicleta para doação, ou reparar uma bicicleta existente por pouco ou nenhum custo nominal.
Carl e Dylan têm as ferramentas e o conhecimento e, se você não sabe nada sobre bicicletas, eles podem até mesmo guiá-lo através do processo.
Anarquia, como Carl e Dylan a colocam, não tem nada a ver com moicanos e pilhagem – “nós temos os punks para agradecer por isso”, diz Carl.
Ao invés disso, é sobre “emancipação econômica” e o direito das pessoas à sua autonomia.
Eles não estão aqui para fazer um dinheirinho de você, eles não querem vender para você tecidos spandex aerodinâmicos e mochilas de fibra de carbono. Seu objetivo é simplesmente disponibilizar bicicletas a pessoas de todas as classes, com custo reduzido ou sem custo, como opção de transporte viável.
É parte esforço ambiental, parte linha política na areia, e todo o projeto de paixão.
“Principalmente o que eu e Dylan fazemos é apenas consertar bicicletas, ajudar as pessoas a consertarem suas bicicletas, ensinar as pessoas a consertarem suas bicicletas”, diz Carl.
“O que me deixa frustrado é quando as pessoas nos tratam como uma loja”, diz Dylan.
A Loop Groop vende algumas bicicletas, no entanto, explica Carl, para cobrir os custos de funcionamento.
“Nós definitivamente não somos capitalistas, mas nos envolvemos no comércio porque precisamos pagar nosso aluguel”.
Gesticulando em direção a uma das paredes do galpão, Carl diz: “Você notará que um dos pontos em nosso quadro branco é o desmantelamento do capitalismo, e ainda não foi riscado”.
“Quero dizer, podemos vender uma bicicleta para você, mas a questão é que já há muitas coisas. Venha, use-a e aprenda a ser autossuficiente”, diz Dylan.
E eles são. Eles estão completamente fora da rede, recebendo energia de uma bateria carregada por uma instalação solar improvisada.
“Temos um painel solar de 90 watts que é suficiente para carregar a furadeira, nossos telefones e alimentar algumas luzes. Nós somos meio que fora da rede por necessidade. Para que este edifício seja compatível, ele não precisa estar conectado à rede ou a quaisquer serviços”, diz Carl.
“Este projeto em si é uma espécie de resposta natural a algumas das falhas de uma sociedade capitalista, que cria muito lixo e ensina você a interagir com ele de um modo muito específico, que pode não ser muito saudável ou sustentável”, diz Dylan.
“Esse é o ponto, nada é jogado fora se é até mesmo marginalmente útil – até mesmo esses laptops de 2004”, diz Carl, apontando para a pilha de portas cinzentas datadas em sua bancada de trabalho.
“Muitas dessas [bicicletas] são doadas por pessoas. Temos uma política de nunca dizer não a uma bicicleta”.
Nas palavras do próprio Carl, “algumas pessoas são ratos de lixo naturais”.
Se você quer se envolver com a Loop Groop ou doar bicicletas indesejadas, contate-os em sua página do Facebook ou visite-os no EdenTerrace em Auckland em uma tarde de sábado.
Tradução > sapat@
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!