Há alguns meses, uma nova publicação anárquica circula pelas ruas com a intenção de contribuir para a coletivização de ideias antagônicas ao Poder. Em junho, há três edições que foram propagadas por alguns territórios e instâncias, sempre a partir da rua, entre aquelxs com sinceridade compartilhamos um mesmo horizonte e práticas.
Periodicamente iremos subir os textos que deram vida a esta nova publicação, tornando nossas ideias e tensões elementos que se nutrem no coletivo e não em seu estancamento, porque acreditamos que a propaganda é uma arma e não um espólio do qual nos apegamos.
publicacionmadretierra.noblogs.org
Editorial (Setembro 2018)
Da leitura à ação. Da leitura à cumplicidade…
“Madre Tierra” é uma publicação anárquica que procura analisar a realidade na qual nos desenvolvemos, como também apontar sobre temas transcendentais em qualquer conjuntura. Assim, através da coletivização de argumentos e visões, procuramos contribuir para o debate e a discussão entre companheirxs anárquicxs.
As ideias e práticas que confrontam o mundo da autoridade são o motor que impulsiona o avanço da guerra social, estão em constante tensão, combatendo o estancamento e a acomodação. Por este motivo, nos retroalimentar entre companheirxs nos parece ser de importância vital e assim procuramos ser uma contribuição.
“Madre Tierra”, leva o nome de uma antiga publicação anárquica editada por Emma Goldman, Louise Berger e Alexander Berkman, que apareceu no EUA pela primeira vez em 1906. Através desta publicação se agitou contra as prisões, a exploração do trabalho assalariado, as guerras capitalistas, o serviço militar, o patriotismo, etc.
A revista foi veículo para diferentes campanhas de solidariedade, exigindo a libertação de distintxs companheirxs na prisão, algumxs delxs condenadxs a morte, e também através de suas páginas se agitou contra o militarismo e doença patriótica antes e durante a Primeira Guerra Mundial.
Essas campanhas que hoje podem ser tão “inocentes” ou simples, significaram ameaças e castigos para xs companheirxs que elaboravam a publicação. Mas, diante do perigo, decidiram não cessar seu trabalho, foram perseguidxs, encarceradxs e finalmente expulsxs do EUA. Nos unimos com essa inquebrável ousadia de persistir.
Escolhemos o nome “Madre Tierra”, porque aponta para um horizonte de libertação total, onde nos assumimos parte da natureza, sem uma lógica antropocêntrica e hierárquica, compreendendo a Libertação da Terra como um aspecto inseparável da Anarquia.
“Madre Tierra” também traz implicitamente a mensagem contra as fronteiras. A Terra é uma só, com diferentes caminhos e territórios, mas as fronteiras e países são apenas concepções do mundo autoritário.
Como individuxs anárquicxs, não reconhecemos nada que venha das lógicas autoritárias do Poder, suas bandeiras, escudos, culturas, esportes ou fronteiras não são nossa linguagem, nem elementos que nos entreguem um sentido comunitário, coletivo nem de pertencimento.
As fronteiras são funcionais para as pretensões do domínio, e através delas se justificam guerras, invasões, genocídios, saques, etc, fatos que respondem apenas aos interesses do capital e dos poderosos. Dentro das delimitações territoriais de uma pátria se ergue um sentido nacionalista de grande importância, onde a defesa exacerbada de uma bandeira provoca o ódio a estrangeirxs ou sentimentos de superioridade.
Tudo isso só perpetua a existência da Autoridade e, como anárquicxs, avançamos decididamente para a liberdade absoluta, sem bandeiras, nem fronteiras que restringem nossa caminhada. Desde sempre xs companheirxs se encarregaram de levantar a prática internacionalista para combater o vírus patriota, fazendo do apoio mútuo e da solidariedade apátrida um conjunto de ações contra todo parasita nacionalista.
Esta nova publicação nasce com o interesse de contribuir para que as ideias e práticas anárquicas se expandam e contagiem outras vontades. Resulta vital a presença constante de material de propaganda circulando por todos os cantos possíveis, fazendo da palavra um dos veículos mais poderosos para a proliferação de sentires antagônicos ao mundo da Autoridade.
Se hoje podemos viver decididamente com ideias, convicções e valores que sustentaram ativos em diferentes épocas e lugares, é porque anos atrás outrxs companheirxs se encarregaram de propagá-los através dos meios que tiveram alcance, utilizando-os como mais um elemento na extensa gama de ferramentas disponíveis para a confrontação anárquica.
Aí reside a maior importância da propaganda, permitir a sobrevivência de uma ideia de libertação total capaz de cruzar quilômetros e tempos, que não se adéqua às comodidades que oferece o mundo do Poder, pelo contrário, onde quer que esteja, combate sem vacilação a maquinaria do domínio.
Publicação Madre Tierra
Setembro Negro, 2018
publicacionmadretierra (at) riseup (dot) net
Tradução > keka
agência de notícias anarquistas-ana
Manchas de tarde
na água. E um vôo branco
transborda a paisagem.
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!