Ontem à noite (26 de junho), o futuro primeiro-ministro de direita [Kyriakos Mitsotakis, do partido Nova Democracia] estava em campanha eleitoral em Elefsina, uma pequena cidade portuária localizada no noroeste de Pireu. Uma de suas promessas foi destacada em todas as mídias do país:
MITSOTAKIS ANUNCIA A MORTE DO ROUVIKONAS PARA 8 DE JULHO, DIA DEPOIS DAS ELEIÇÕES.
Embora quase todo mundo requer a dissolução do Aurora Dourada [partido neonazista grego], depois de novas agressões, o favorito [Mitsotakis] nas pesquisas tem concentrado seus ataques contra os anarquistas e grupos anticapitalistas, começando com o Rouvikonas. A Grécia celebra eleições legislativas no domingo (07/07).
Ele não anunciou a dissolução do Aurora Dourada, mas do Rouvikonas, apresentando-o como sua prioridade absoluta desde o primeiro dia em que tomar posse do poder.
Também não disse praticamente nada em seus discursos sobre os neonazistas. A única ameaça, segundo ele, são “os pequenos grupos que semeiam e propagam o desejo revolucionário, tão perigoso para a democracia”.
O candidato da direita nas primeiras eleições legislativas antecipadas de 07 de julho, esquece uma coisa a despeito de si mesmo: que o Rouvikonas não é um partido ou uma associação formal, mas um coletivo. Não tem existência legal. A única maneira de impedir as ações do Rouvikonas é colocar todos os seus membros na prisão, na esperança de que outros não ganhem destaque.
Aconteça o que acontecer no dia seguinte às eleições, o grão está semeado. Por 5 anos, o Rouvikonas coletou a chama de certas tradições revolucionárias frequentemente esquecidas rapidamente, “a guerra contínua contra as instituições estabelecidas” (Malatesta, 1876), “propaganda pelo ato” (Andrea Costa, 1877), e, é claro, a ação direta (Emile Pouguet, 1904), sempre inovadora, em particular graças a sua engenhosa instrumentalização dos meios de comunicação do poder e graças a uma estratégia jurídica de tornar a sua prisão difícil.
Hoje, o Rouvikonas tem uma aura internacional, um apoio além das fronteiras e uniu-se a numerosos grupos e organizações em todo o mundo. Da mesma forma, o bairro rebelde de Exarchia, que Mitsotakis promete “limpar em um mês”, está se preparando para o confronto nas próximas semanas.
Por último, mas não menos importante, não há nada de surpreendente nos líderes capitalistas esquecerem-se de seus homólogos fascistas e se concentrarem na repressão contra os anarquistas e outros revolucionários: somos seus inimigos reais, ao contrário dos fascistas que são seus aliados objetivos e talvez até mesmo seus amigos, com uma colher de prata na boca.
O fascismo não é apenas para o poder, o meio de dividir para melhor governar, para desviar a ira popular no sentido de bodes expiatórios transformando assim as vítimas em aliados do capitalismo e, especialmente, se tornando árbitro magnânimo no centro de um espectro de opiniões estimuladas de propósito para a extrema direita pelos meios de comunicação de massa. O fascismo é também o curinga do poder capitalista em tempos de crise, isto é, o último estágio da sociedade autoritária quando ela se vê contestada e as fundações do capitalismo (propriedade, hierarquia, exploração) são ameaçadas.
Apoio ao Rouvikonas e outros grupos da resistência anticapitalista e libertária na Grécia.
Morte ao fascismo e ao capitalismo que o alimenta.
Yannis Youlountas
Fonte: http://blogyy.net/2019/06/27/mitsotakis-annonce-la-mort-de-rouvikonas-pour-le-8-juillet/
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