Sobre a participação dos libertários espanhóis na resistência francesa, na área do maciço central, mais especificamente na chamada Barragem da Águia, preferindo lutar ao lado dos franceses do que dos comunistas espanhóis.
Aproveitando que esta noite nevou, enquanto passo alguns dias na casa de meu amigo Simón juntamente com Chamonix, eu trabalho no projeto da obra “blancazo”, me volto para a tarefa de narrar às aventuras e desventuras do exílio libertário por terras francesas.
Hoje me decido pelos grupos resistentes que atuaram no maciço central, abrangendo os Departamentos de Cantal e Corrèze, mais precisamente por aqueles formados por trabalhadores que construiam a represa da Águia Barrage de l’Aigle. Estima-se que em 1942 havia cerca de 600 espanhóis na folha de pagamento, pertencentes a todos os partidos e sindicatos, embora com uma maioria libertária. De onde vieram todos esses espanhóis? Uma das soluções que o governo francês encontrou para aquelas milhares e milhares de pessoas provenientes do “exército das alpargatas” como desdenhosamente descreviam nossos compatriotas, foi a de integrá-los em Grupos de Trabalhadores Estrangeiros e colocá-los para trabalhar especialmente em atividades relacionadas a apoiar as instalações bélicas para a guerra contra a Alemanha, trabalhos florestais e de infraestruturas hidroelétricas. Assim que, na fronteira entre Cantal e Corrèze vários dos GTE´s citados foram estabelecidos, entre eles o N° 401, composto por uns 400 espanhóis destinados para a construção de barragens hidrelétricas, e o N° 417, com uns 500/600 espanhóis para a construção de pântanos, trabalhos agrícolas, florestais e de mineração, e o N° 431, com mais de 400 espanhóis para a construção de pântanos e, finalmente, o N° 437, consistindo de 200 espanhóis também para a área pantanosa.
Bem, para o que estávamos dizendo cumpre mencionar que alguns dos primeiros grupos ainda não muito organizados, começaram com as sabotagens no final de 1941, mas logo as coisas ficaram animadas. Em meados de 1942, os maquis liderados por Manuel Barbosa, que operava na área perto de Mauriac, já estavam envolvidos principalmente em detonação e sabotagem, como as de duas importantes pontes sobre o rio Dordogne. Tanto este grupo quanto aqueles que irão se formar nos próximos meses na área de Pic Violent, serão integrados principalmente por libertários da Barrage de l’Aigle. Logo quatro grupos de 15 pessoas cada, foram formados, e devemos reconhecer que estes grupos respeitavam as orientações emitidas pela antiga liderança anarquista e se dedicavam principalmente à sabotagem de infraestrutura, de comunicação ou industrial, mas por hora não atacavam as forças alemãs. Eles não se integraram na União Nacional, sob o comando dos comunistas espanhóis, mas eles fizeram isso sob o comando francês na ORA (Organização de Resistência Armada). Entre os quatro grupos de que mencionamos, o mais novo deles foi o chamado Grupo do Chocolate, talvez o mais popular, e que sempre foi um exemplo de moralidade e de atuação.
Dentre as ações desses grupos, estão a explosão da estrada de Salers ao Col de Neronne, e após o sucesso da mesma, o comando francês ordenou-os explodir várias outras, bem como minar algumas outras mais. Eles também explodiram o túnel de Lioran para imobilizar as tropas alemãs, que acabaram se rendendo e acabaram trabalhando na Barragem. Outra de suas missões era marcar e recolher cargas aliadas lançadas por equipes de paraquedistas.
Cabe destacar como os militares ingleses ou franceses, que às vezes colaboravam com eles, ficavam alucinados com os responsáveis por esses grupos libertários de guerrilheiros que não aceitavam distinções ou privilégios se não fossem concedidos a outros membros do grupo, dizendo que “aqui todos somos companheiros”.
Os grupos espanhóis acabaram integrados no Batalhão Didier, onde as listas são mantidas com os 75 libertários que se juntaram a ele, atacando as diferentes colunas alemãs, centros de telecomunicações, colunas de abastecimento e finalmente participando da libertação de diferentes localidades dos departamentos do Cantal e da Corrèze e terminando sua fase de ação em 31 de outubro de 1944, quando todas as forças FFI (Forces Françaises de l’Intérieur – Forças Francesas do Interior) foram integradas ao exército francês, desfilando pelas ruas de Decazeville sob bandeiras vermelhas e pretas enquanto eles cantavam em coro o hino anarquista “Los hijos del pueblo”.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
sobre os vidros
traços de nariz e dedos
olham ainda a chuva
André Duhaime
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!