[Reino Unido] Donald Rooum, ateu, anarquista e artista britânico falecido aos 91 anos

Eu acabei de saber com tristeza que Donald Rooum, acima, cujo trabalho apareceu periodicamente nas edições impressas da Freethinker por muitas décadas, faleceu em Londres em 31 de agosto.

Eu fui alertado para o fato de que Rooum tinha falecido por um outro colaborador de longa data da Freethinker, o professor John Radford, autor de Don’t You Believe it!: Sixty things everybody knows that actually AIN’T SO! (Não acredite nisso! 60 coisas que todo mundo sabe que na verdade NÃO SÃO ASSIM!), um livro que Rooum ilustrou.

A carreira e a vida colorida de Rooum foram carinhosamente documentadas em um blog chamado Spitalsfield Life, em 2012. O autor escreveu:

“Apesar da reputação temível adquirida pelos anarquistas, Donald possuía uma natureza tranquila, quase despretensiosa, e ele não está em uma manifestação desde 1963 quando foi acusado pela polícia por ter um tijolo em seu bolso. Um tijolo que a polícia inadvertidamente – e famosa – esqueceu de plantar. Isso se tornou um escândalo nacional na época. Desde então, Donald prefere ficar em casa e buscar sua influência política indiretamente, trabalhando em sua longa série de cartum, deixando para os anarquistas mais jovens ir para a rua.”

Rooum, que em 1963 trabalhava como um cartunista para o Peace News, foi preso por um policial violento e racista de Londres, detetive sargento Harold Challoner. Em 11 de julho daquele ano, Rooum estava se manifestando do lado de fora do hotel Claridge contra uma visita ao Reino Unido da Rainha Frederika da Grécia, Challoner disse a Rooum:

“Você está preso, bonitão. Vaiar a rainha, certo?”

Depois de acertar Rooum na cabeça, o policial passou pelos pertences de Rooum, e alegou ter encontrado metade de um tijolo e disse:

“Aqui está você, meu velho amigo. Carregando uma arma ofensiva. Você pode pegar dois anos por isso.”

Rooum, um membro do Conselho Nacional de Liberdades Civis que tinha lido sobre ciência forense, entregou suas roupas ao seu advogado para testes. Nenhuma poeira do tijolo ou desgaste apropriado foi encontrado e Rooum foi absolvido, embora outras pessoas que Challenor prendeu na manifestação ainda estivessem condenadas por suas evidências.

Quando Challenor apareceu no Old Bailey (Tribunal Central Criminal) em 1964, acusado de conspiração para corromper o curso da justiça, ele foi considerado incapaz de argumentar e foi mandado para o hospital psiquiátrico de Netherne com um diagnóstico de esquizofrenia paranoica. Três outros detetives envolvidos na prisão de manifestantes – David Oakley, Frank Battes e Keith Goldsmith – foram condenados a três anos de prisão.

Rooum disse ao Spitalsfield Life:

“Quando eu tinha 16 anos, eu pensava que uma sociedade livre poderia ser fácil de se conseguir. Agora eu não acho que as coisas vão ser fáceis, mas o movimento pelos direitos civis tem sido bom. Houve melhorias. Não há mais nenhuma lei contra a homossexualidade nem punição corporal nas escolas. Havia uma atitude horrível de que as pessoas que não eram brancas eram inferiores. Quando eu vim pela primeira vez a Londres em 1944, eu liguei para uma pensão e eles me pediram para ir pessoalmente, porque eles não tinham uma política sem cor.

Para mim, Anarquismo é uma postura ética, um ponto de vista que considera a coerção de qualquer forma errada.”

Rooum editou o jornal anarquista de Londres, Freedom, por muitos anos. Ele se tornou professor de tipografia na London College of Printing, obteve um diploma universitário aberto em Ciências da Vida e foi eleito membro do Instituto de Biologia aos oitenta anos.

Spitalsfield Life disse:

“O esforço dele abrange o político, o literário, o artístico e o científico, mas é na leveza dos cartuns que ele encontra seu meio ideal.”

Vocês podem ver uma coleção de seus cartuns no Peace News (peacenews.info/category/author/rooum-donald).

Fonte: https://www.patheos.com/blogs/thefreethinker/2019/09/donald-rooum-uk-atheist-anarchist-and-artist-dead-at-91/

Tradução > Brulego

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