“O ataque anticapitalista, autônomo, difuso e descentralizado não pode ser esmagado porque em cada um dos rebeldes subsiste a possibilidade de subverter a ordem dominante, através do ataque direto as estruturas e instituições do Estado Capital. (…) Nós podemos morrer ou ir para a prisão como morreram e aprisionaram nossos irmãos, mas outros virão depois de nós. A subversão tem memória e o braço longo. (…) Todos e todas podemos passar para o ataque, é só uma questão de decisão. Essa insurgência sem centro nem periferia, sem chefes, nem direção, com mil caras, não poderão detê-la”. – Comando 8 de Dezembro.
O tempo passa e o controle social evolui, o uso da violência explícita, para um conjunto dela e da silenciosa máquina reprodutora da conduta democrática que valoriza a cidadania “participativa” na plataforma digital das redes sociais, mas também carente de resolução política nas distintas esferas da vida cotidiana.
Uma multidão heterogênea conforma a sociedade, da qual aqueles que se posicionam na validação da violência nas ruas, contra o poder, e também aqueles que odeiam essas práticas, ou em um ponto mais extremo, se tornam um para-policial, em resumo, por um lado, há aqueles que lutam e desejam a liberdade e, por outro, aqueles que querem impor lei e autoridade.
O movimento pelas ruas nos confrontou com essa realidade diversificada e dispersa, dando origem a conflitos com cidadãxs que gostam de fazer favores à polícia, assim como também compartilhamos com pessoas que endossam, apoiam ou colaboram com nossa práxis.
Assim, também nos permitimos o fortalecimento da discussão política entre afins, vislumbrando ideias através de reivindicações políticas, cuja ideia é arrancar o monopólio da informação e justificativa institucional do poder, manifestando e expondo tensões constantes que fomentam o debate para as mentes inquietas que gostam disso, deixando de lado as pretensões do despertar de consciências alienadas que decidiram assim ser, em outras palavras, as velhas posições políticas da rebelião popular e de massas não têm lugar nesses contextos. Escrevemos nossa própria história libertária enquanto transitamos e confrontamos as contradições do Estado e do capital.
Observar atentamente e analisar com cautela permite que sejam realizadas ações no tempo e qualidades daqueles que planejam, deixando de lado a ideia arbitrária da hierarquização no impacto da violência subversiva autônoma, de acordo com seus requisitos técnicos.
Evidentemente existem diferenças nas ações, por exemplo, entre um artefato explosivo e um simulado, mas ambos podem gerar impactos amplos se for buscado mais efeito do que a destruição material, variando objetivos materiais e de mediatização.
A mesma situação ocorre ao comparar a violência nas ruas e um atentado programado para interromper o funcionamento cotidiano. É a análise prévia, a clareza dos efeitos, que permite promover o triunfo, seja buscando o caos, a difusão de algo em particular ou buscando alguma exposição dx inimigx, etc.
Participar da violência nas ruas tem o efeito de submergir e entender seu movimento, expondo situações que não são evidentes em outras ocasiões. Da mesma forma, as portas são abertas para o desenvolvimento e retroalimentação com afins e desconhecidxs que não fazem parte de um núcleo preciso, enriquecendo-nos de diferentes maneiras.
Estas ideias são fruto da reflexão interna, como um fator da experiência que cada indivídux traz para essa instância coletiva. Nosso objetivo é difundi-las, bem como realizá-las com ações de combate, deixando claro que essa é uma perspectiva, em um imenso universo de grupos e indivíduxs que constantemente quebram a ordem social, com posicionamentos afins ou distantes aos nossos.
Agora, entrando totalmente em uma nova data comemorativa, nos organizamos para estar presentes com força. Para ser parte da heterogeneidade da rua, para estar em uma instância possibilitada pela participação e planejamento de várixs individualidades e coletividades afins com o objetivo certeiro de propagar o caos em Santiago do Chile.
Transformamos em ação concreta o ódio gerado pela morte, desaparecimento e tortura de centenas de pessoas no passado e presente. Pelo assédio cotidiano da polícia à juventude insurreta que toma as escolas secundárias como cenário constante da luta nas ruas. Não esquecemos como, em cada oportunidade, fazem uso de suas ferramentas jurídicas para desencorajar o que não podem controlar, não é que lacaios uniformizados se amparem em sua instituição para desencadear sua psicopatia e atos insanos contra aqueles que cruzam na frente, nem que um grupo de políticxs difame através de suas mídias as posições antagônicas.
Na rua, rompemos com a passividade e dizemos que não existe justiça, mas apenas vingança. Nessa, como em outras ocasiões nos vingamos, não damos lugar ao vitimismo e novamente Confluímos a práxis da luta nas ruas e a nova guerrilha urbana, tomando ambas instâncias para realizar ataques certeiros, graças às condições que foram geradas antes.
Neste 11 de setembro, participamos dos distúrbios nas ruas em distintas quebradas de Santiago, contribuindo para o conflito com nossos mecanismos e artefatos artesanais. Estivemos operando junto com um grande número de combatentes urbanos na comuna de Peñalolén [leste de Santiago], onde a polícia manobrava torpemente seu carro blindado devido a seus lacaios ocupantes que ficaram cegados pelo lançamento de artefatos incendiários, que provocou um choque e os forçou a descer do mesmo, enquanto recebiam ataques armados de escopetas artesanais. Colocamos nosso grão de areia atirando neles e foi um verdadeiro prazer ver um policial rastejando no chão, ajudado por seus miseráveis companheiros para chegar rapidamente à ambulância que finalmente os tirou do setor que era controlado por todxs xs revoltosxs. O saldo foi de dois policiais feridos por tiros e um ferido como resultado do choque e, é claro, a partir de agora o terror da vingança anarquista os acompanhará de perto e a suas famílias¹.
Naquela noite, recordamos cada companheirx caídx que dedicou sua vida à luta contra o poder. Mas, como ficou claro entre os gritos da multidão encapuzada e olhares cúmplices na quebrada, as ações desenvolvidas foram dedicadas a um só guerreiro; à memória do companheiro Kevin Garrido.
Com este gesto e os que assumimos em nossa caminhada, queremos enviar uma calorosa saudação a cada companheirx que resiste à prisão como consequência de sua caminhada revolucionário, e em especial a Marcelo Villarroel, cuja coragem e orgulho transmitidos na reivindicação de sua história construída em combate alimentam a subversão autônoma e libertária em andamento, que jamais será silenciada pelx inimigx para combater e destruir.
Nos despedimos deixando claro que as individualidades que compõem os grupos de ação signatários continuamos tendo eternos motivos para lutar, para tentar e conseguir o que buscamos, atuando sob múltiplos cenários sem chefes nem líderes, em completa autonomia, como tem sido nos últimos anos com puro pulso e convicção, nutrindo de forma rudimentar, mas digna da ofensiva anarquista em nosso território.
Setembro Negro!
Fogo e tiro para polícia!
Kevin Garrido vive no Caos!
Presxs às ruas, ruas para a insurreição!
Tudo continua!
Núcleos Antagônicos da Nova Guerrilha Urbana
– Célula Karr-kai
– Forças pelo Desborde da Civilização
– Coluna Insurrecional “Ira e Complô” – FAI/FRI
Tradução > keka
agência de notícias anarquistas-ana
Tranquilidade:
O canto da cigarra
Perfura pedras
Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!