Na quinta-feira 17 de outubro de 2019, às 19 horas, acontecerá na Fundação de Estudos Libertários Anselmo Lorenzo (c/ Peñuelas, nº 41, metrô Embajadores) a apresentação do ato “Colapso e alternativas: anticapitalismo e autogestão” com Carlos Taibo, Colectivo Barbaria, Colectivo Cul de Sac, Miquel Amorós e Pedro Prieto.
A situação de nosso planeta nunca havia sido tão alarmante. 60% de espécies vertebradas reduzidas desde 1970; 13 milhões de hectares desmatados nos últimos 10 anos; 30% de degelo só durante o século XX e um aumento da temperatura média do planeta desde 2015 de 1º C (e seguirá subindo 0’2º C por ano). Em 2018 as emissões de dióxido de carbono, longe de reduzir, cresceram 2,7%. Enquanto 92 % da população mundial respira ar insalubre, responsável por 8,8 milhões de mortos em todo o planeta (10.000 na Espanha). As ondas de calor agravam as enfermidades dos mais débeis incrementando a mortalidade, até o ponto de que a de 2003 causou 70.000 mortes em toda Europa (6.000 na Espanha). Todos estes dados são uma realidade incontestável, e tudo indica que poderiam piorar devido a aceleração do degelo do pergelissolo ártico.
O dilema, que se colocou com notável êxito midiático, entre rebelião e extinção [movimento “Extinction Rebellion”] está bem formulado. Outra coisa diferente é a maneira de enfrentá-lo. Não evitaremos a “extinção” conservando este modelo econômico e social. Nem “humanizando” o livre mercado falando de tornar “sustentável” o sistema de produção e consumo, quando é preciso romper com a cultura do crescimento e o “desenvolvimento” e acabar com a estrutura econômica que o impõe: o capitalismo. Tampouco é possível a “rebelião” desde as instituições hierárquicas e as urnas. Não desde decretos legislativos que tratam de fazer “aceitável” a deterioração planetária e “regular” os prazos para chegar ao colapso do meio ambiente. Tampouco desde municípios que se declaram incompetentes ou desde Estados que servem de fortaleza aos interesses da estrutura econômica, desde organismos governamentais que, definitivamente, são um impedimento a superar e não uma ferramenta para flertar.
A crise ecológica, que ameaça destruir a vida no planeta em um prazo histórico relativamente curto, se assenta sobre um modelo econômico produtivo suicida e sobre uma gestão política vertical e delegacionista . Um modelo que necessita estimular um consumismo desproporcionado e insustentável e uma gestão política que o regula. Não há fórmulas eficazes dentro do capitalismo, por muito que seus “domadores” o creiam domesticável. Não há soluções decisivas dentro do Estado, por muito que suas novas caras visíveis bebam cerveja artesanal e participem nas assembleias de algum CSOA [centros sociais okupados e autogestionados]. Nosso modo de vida só pode continuar uns anos mais, a custa do incremento da depredação das populações e os recursos dos “países pobres” e das periferias dos “países centrais”.
É necessário tecer um discurso ecologista, anticapitalista e antiestatista, que enfrente a situação que se avizinha e não distrair-se com falsas esperanças. Que rompa a hegemonia no relato dos que nos prometem uma “saída ecológica pactuada” entre multinacionais e governos, ocultando causas e culpados da crise. E que só pode entorpecer qualquer avanço, quando não, diretamente, desarticular a luta ecológica de base para as próximas décadas. É imprescindível articular nossas diversas lutas setoriais locais com a capacidade de estabelecer estratégias de resistência massiva, que nos permitam dar uma resposta coletiva a um problema de escala global.
A ameaça existencial do próprio planeta e milhões de vidas, requer não desdenhar nenhum tipo de luta, sempre que procedam de estruturas horizontais, de baixo para cima. E questionar aquelas que nos oferecerão compulsivamente através dos grandes meios de desinformação os mesmos que geraram o problema. O dilema é: salvar o capitalismo, ou o planeta e os seres vivos.
Por tudo isto fazemos um chamado a sindicatos alternativos, coletivos, plataformas, espaços, meios contrainformativos e individualidades interessadas, para que deem suporte e colaboração a uma iniciativa independente que, combinando diferentes sensibilidades, estamos realizando – desde o pensamento e a militância alternativas – para dar uma resposta anticapitalista e antigovernamental que esteja à altura das circunstâncias.
Na quinta-feira 17 de outubro de 2019, às 19 horas, acontecerá em Madrid, na Fundação de estudos libertários Anselmo Lorenzo (c/ Peñuelas, nº 41, metrô Embajadores) a apresentação de um ato. Nele trataremos de pôr os cimentos que nos permitam desenvolver esta resposta coletiva. Contaremos com a participação de várias companheiras e coletivos especializados em desenvolver teorias e práticas que promovem a luta contra os mitos do desenvolvimento e o crescimento, a defesa do território e o ecologismo revolucionário. Intervirão: Carlos Taibo, Colectivo Barbaria, Colectivo Cul de Sac, Miquel Amorós e Pedro Prieto.
Tradução > Sol de Abril
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