[Chile] Santiago | 33ª edição do boletim “La Bomba”

Neste novo boletim-compilado de ações de violência política, resgatamos fatos desenvolvidos nos meses de junho, julho e agosto. Para este editorial, queremos focar em apenas um: no ataque com poderosos pacotes bomba realizado por um grupo de ação anarquista em 26 de julho desse ano[1].

O atentado foi contra uma delegacia e o ex-ministro Rodrigo Hinzpeter. O primeiro pacote bomba explodiu em seu alvo, ferindo oito policiais e provocando o pânico entre os inimigos de uniforme. Paralelamente, quando o segundo foi descoberto, ele já estava no gabinete do ex-ministro. Por acaso, o bastardo não abriu porque saiu para almoçar, durante esse período o GOPE (Grupo de Operações Policiais Especiais) já havia chegado para realizar os procedimentos clássicos, isolando a área e tirando as pessoas. Se não tivesse sido por acaso, a chegada da polícia teria apenas dificultado o trabalho do Serviço Médico Legal.

Durante o dia, os informes da imprensa se voltam para os fatos descritos e a “paranoia” começa nas ruas, objetos suspeitos que não são nada e avisos de bomba, na estação Lo Espejo do metrô, por exemplo. Esse fato, ao contrário da “paranoia”, pode ter sido usado por anônimxs para continuar mantendo o poder e seus policiais já vulnerados em alerta.

Com o passar dos dias, a ação é adjudicada por meio de um comunicado enviado às redes anárquicas, quando xs companheirxs da Contra Info publicaram o texto apenas algumas horas para que a imprensa pegasse o material e começasse a formular suas próprias anotações. “Adjudicação de bombas reivindica a anarquista morta há duas décadas”[2], se referindo a Claudia López. “Quem são os prisioneiros evocados pelo grupo anarquista que adjudicou o atentado em Santiago?”[3], Juan Aliste, Marcelo Villarroel, Juan Flores, Joaquín García e Tamara Farías são xs companheirxs. Por fim, destacamos a nota intitulada “Supostos autores de carta-bomba e movimentos estudantis compartilham referentes”[4]. Onde é apreciado um trabalho de compilação de ideais e ações para formular o artigo.

Sem dúvida, devido a envergadura do atentado, isso levaria a agenda dos dias na imprensa e os governantes sairiam para dar muitas declarações, supostos especialistas falando de segurança e como a inteligência não antecipa possíveis atentados. A ANI (Agência Nacional de Inteligência do Chile) que vale uma merda e o fervente chamado para aprovar a Lei Antiterrorista. Este último bem comentado nas redes sociais e até em espaços conscientes e revolucionários. Chegando a dizer claramente que o atentado era uma cortina de fumaça para a aplicação da lei, em suma, uma montagem.

E perguntamos: Antes um atentado certeiro ou o aprofundamento do próprio conflito? O que se espera? Evidentemente o poder ocupará suas plataformas para condenar os fatos e aplicar suas leis repressivas, é questão de olhar para o passado, quando as Forças Rebeldes Populares Lautaro aprimoraram sua estratégia de guerrilha urbana em nosso território, o governo da época apoiou e deu todos os poderes a seus agentes para capturar vivxs ou mortos xs combatentes, sendo a lista de companheirxs encarceradxs e mortxs não menor, até civis caíram pelas balas policiais, exemplo no Caso Apoquindo[5].

Diante dos ataques atuais, o governo vai responder, é natural. No caso da Lei Antiterrorista, ela poderá ter agentes infiltrados, chamadas telefônicas serão interceptadas, fotografias serão tiradas e entregas monitoradas serão realizadas, entre outras. Mas, e isso não acontece atualmente? Desestabilizando, é claro. Vacilões, delatores, colaboradores sempre foram (recomendamos ler a reportagem recentemente da CIPER[6] e a entrevista publicada em El Desconcierto: “O informante da promotoria que revelou o vínculo entre Arias e o Ministro do Interior”[7]), as interceptações e fotografias também, é uma questão de acessar alguma pasta investigativa de algumx companheirx que esteve na prisão, por último, as entregas monitoradas, no passado La Oficina ocupou essa estratégia para desmantelar o grupo de guerrilha urbana Destacamento Mirista Pueblo en Armas, em janeiro de 1992 [8], este último, acreditamos que seria uma questão para ficar de olho.

Com essas breves reflexões, finalizamos esta nova entrega, esperando que tenha uma boa recepção pelos lugares e mãos que circule. Xs deixamos atentxs para o próximo número especial, que já está na porta do forno.

Editorxs do Boletim “La Bomba”.

Agosto 2019, Chile.

Clique aqui [https://es-contrainfo.espiv.net/files/2019/10/33-La-Bomba-33-Agosto-2019.pdf] para ler/baixar a publicação.

[1] https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/07/30/chile-santiago-adjudicacao-de-atentados-com-pacotes-bomba-contra-rodrigo-hinzpeter-e-o-chefe-dos-carabineros-manuel-guzman/

[2] https://www.latercera.com/nacional/noticia/adjudicacion-bombas-reivindica-anarquista-muerta-dos-decadas/759692/

[3] https://www.biobiochile.cl/noticias/nacional/chile/2019/07/29/quienes-son-los-prisioneros-evocados-por-el-grupo-anarquista-que-se-adjudico-atentado-en-santiago.shtml

[4] https://ellibero.cl/actualidad/supuestos-autores-de-cartas-bomba-y-movimientos-estudiantiles-comparten-referentes/

[5] https://es.wikipedia.org/wiki/Caso_Apoquindo

[6] https://ciperchile.cl/2019/05/13/el-vinculo-de-los-fiscales-arias-y-moya-con-el-ministro-chadwick-y-la-inteligencia-de-carabineros/

[7] https://www.eldesconcierto.cl/2019/05/15/habla-la-informante-de-la-fiscalia-que-develo-el-vinculo-entre-arias-y-el-ministro-del-interior-chadwick-me-dijo-que-tenia-un-fiscal-muy-amigo-en-rancagua/

[8] https://historiadetodos.wordpress.com/otra-rata/

Tradução > keka

agência de notícias anarquistas-ana

Na tarde de neve
Passa desaparecendo
Um só guarda-chuva.

Yaha