Já faz muitos anos que estamos presenciando como o rock – porta-voz de demandas sociais e políticas do passado – vem se tornando, assim como outras tantas atividades culturais, parte do consumo massivo. Estão convertendo os valores humanos que suas letras traziam aos nossos ouvidos em mais um produto de consumo. É um mercado que banaliza a mensagem das canções, levando o rock a uma clara contradição comumente conhecida como “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. – Não é preciso procurar muito, nos cartazes dos festivais já é possível encontrar quem financia esse ato. Diversos poderes de diversas ordens políticas, promovem todo tipo de leis repressivas, oprimindo com elas os direitos civis da classe trabalhadora. Há empresas de atividades duvidosas, que descumprem de uma maneira atroz as leis trabalhistas e a de proteção ao meio ambiente.
Até 10 anos atrás, em Traspinedo, durante as festas de San Martin, a desaparecida associação cultural Carlo Giuliani celebrava, organizava e autogestionava um evento musical chamado Traspirock. Esta associação organizava este festival como uma das atividades dentre outras da gigante militância social e cultural que ocorria no município de Traspinedo. O concerto destinava um euro de cada entrada para ajudar diversos coletivos que denunciavam a violência de gênero, o maltrato animal ou fazia parte da recuperação da memória histórica. Nos 8 anos em que foi celebrado este festival, as bandas mais importantes do momento puderam se apresentar, além disso serviu de alto-falante na luta de vários coletivos contra a SGAE ou pela liberdade de expressão, tudo isso sem dinheiro público.
Com a criação do “Grupo Libertário Sendero Negredo” queremos – com total respeito àquela época – recuperar um espaço similar para a música, para a reivindicação e para a solidariedade. Nossa apresentação será no próximo Traspinedo Rock, sexta-feira dia 8 de novembro, com isso será liberado um espaço de encontro entre as pessoas que resistem dia a dia no mundo rural e as pessoas com consciência de classe que ainda organizam alternativas nas cidades.
Convocamos às pessoas que por mais que não pertençam a nenhum dos grupos participem do movimento, entendam as ideias que trazemos e a sensibilidade na forma de organizar este evento. Os grupos com os quais contaremos já entenderam a importância da mensagem que queremos transmitir, contribuindo com seu grão de areia e seu compromisso para com este projeto que nasce de nossa gente para nossa gente. Os princípios que nos guiam são:
• A autogestão: nenhum órgão público financia o evento. A única petição às autoridades é o uso de um espaço público que entendemos pertence a todos os moradores, buscando que esta iniciativa, portanto, tenha total independência e que se custeie por si mesma.
• A solidariedade: um euro de cada entrada será destinado integralmente ao projeto coletivista em Fraguas (Guadalajara). Um projeto de recuperação integral de um povo em uma área depreciada da “Espanha abandonada”. Este projeto é totalmente sustentável, tem participação popular e está baseado na economia local. São incompreensíveis os impedimentos judiciais ou os ataques por grupos fascistas que está sofrendo.
• A rebeldia: ajudando no financiamento desse evento, você ajuda na recuperação do tecido associativo das áreas rurais. São nessas áreas que as respostas necessárias sobre o que enfrentaremos nos próximos anos na economia e meio ambiente devem ser articuladas. Sua presença em atos desse tipo é uma forma de luta.
• A militância: entendemos que a associação de trabalhadores não deve ter interesses pessoais, porque acreditamos firmemente na capacidade de organização entre os iguais e na capacidade de fazer as coisas sem a tutela de um ente estatal ou privado.
As doações daqueles que desejam colaborar são fixadas em:
• Coletivos sociais 50 euros.
• Estabelecimentos solidários 20 euros.
Buscaremos fazer com que todas essas colaborações apareçam em toda a propaganda que tenham relação com o festival.
Outono de 2019.
Grupo Libertário Sendero Negredo – Traspinedo
facebook.com/grupolibertario.senderonegredo
Tradução > Daitoshi
agência de notícias anarquistas-ana
Pelas rugas
da minha mão,
tropeça o vagalume.
Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!