Domingo, 10 de novembro de 2019
A estratégia do governo de desgastar os protestos não surtiu efeito, agora eles apelam para a divisão entre os explorados. Por todos os meios, eles tentam sensibilizar a população com o papo de que se as manifestações continuarem haverá diminuição dos salários e perda de mão de obra. Que a Revolta é uma coisa perigosa para as microempresas… O poder e a mídia incentivam a “proteção dos empregos” e a propriedade privada. Eles querem pressionar os mais pobres pelo medo, e fazer com que questionem os vizinhos para silenciar os protestos. A psicose dos “coletes amarelos” para proteger suas casas dos inimigos invisíveis muda-se para os bairros comerciais, onde trabalhadores tão oprimidos quanto os manifestantes os encaram com paus, pedras e até facões. Realizando um trabalho para a polícia que serve apenas aos poderosos e seus interesses.
A irrupção de encapuzados em alguns bairros de elite causou pânico nos setores mais privilegiados. Em Manquehue de Santiago ou em Reñaca de Viña del Mar, as pessoas loiras e endinheiradas se vestiram com odiosas “jaquetas amarelas” e se reuniram para defender seus estilos de vida e suas propriedades. Nas mãos carregavam tacos de beisebol, ferros, tacos de golfe e de hóquei, nas cinturas escondiam armas de fogo. Apesar das ameaças as barricadas eram erguidas em suas esquinas. A tensão entre os dois lados era total e a centelha que inflamaria a ira estava prestes a explodir.
O ponto mais alto desse confronto ocorreu quando os manifestantes tomaram as praias de Reñaca em um clima festivo, um homem saiu do veículo e atirou várias vezes contra o grupo, ferindo um deles na perna. O nome de quem usava a arma é John Cobin, gringo e supremacista branco, declarado adorador de Pinochet e do sistema neoliberal chileno. O evento gerou um caos total no balneário, a raiva transbordou e centenas de pessoas queimaram todos os ícones capitalistas do lugar.
Nem mesmo o adiamento do Teleton, uma das instituições mais queridas dos chilenos, conseguiu ofuscar a bela Revolta Social.
Na Praça Itália, renomeada como “Praça Dignidade” por rebeldes, menos pessoas se agruparam. Entre aqueles que vieram para a “zona zero” havia um anônimo que distribuiu 500 óculos de proteção entre os manifestantes.
A maioria dos insubmissos no fim de semana participou de atividades de bairros e assembleias territoriais, onde recolheram suprimentos médicos para atender os feridos.
Centenas de ciclistas se auto-organizaram e pedalaram até a Clínica Santa María para demonstrar solidariedade a Gustavo, o jovem de 21 anos que foi atacado com balas de chumbinho e ficou ferido nos dois olhos, ficando cego.
Em Colina, desconhecidos atacaram e incendiaram o Tribunal local.
Hackers criaram um aplicativo com os endereços dos membros da polícia, seu vizinho pode ser um lacaio e cheira no ar o que vai acontecer. Golpe por golpe devolveremos sua repressão!
Há 4500 detidos durante os 24 dias de confrontos, é preciso fazê-los sentir a nossa solidariedade dentro das grades.
Ainda estamos nas ruas, sem líderes nem partidos políticos. Organizando-nos de forma horizontal, autônoma e autogestionada.
SOMOS UM PERIGO PARA SUA ORDEM!
Sejamos a garrafa com benzina da Revolta Social!
É AGORA OU NUNCA!
N.T.
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/11/11/chile-santiago-22o-dia-de-revolta-social/
agência de notícias anarquistas-ana
pérolas de orvalho!
olho e vejo em cada gota
a minha casa-espelho
Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!