[Chile] Santiago: 22º dia de revolta social

Sexta-feira, 8 de novembro de 2019

NENHUMA AGRESSÃO SEM RESPOSTA!

Todos esperavam os “anúncios sociais” do governo em cadeia nacional de rádio e TV, mas nem um pio sobre isso. Da boca do presidente da nação saíram ameaças para fortalecer e promulgar leis contra encapuzados. A resposta da “primeira linha” foi contundente, um dos dias mais violentos desde o início da Revolta.

Os encapuzados enfrentaram com arrojo e decididamente os lacaios na Praça Itália, usando muitos fogos de artifício e bombas molotov.

Uma cena inesquecível foi vivida quando um grupo de anarquistas distribuiu uma caixa com um grande número de estilingues entre os manifestantes, que ficaram surpresos por não acreditarem que eram “grátis”. Uma ação de fraternidade em guerra e propaganda digna de imitação.

Em meio aos tumultos desconhecidos invadiram uma igreja católica, retirando o que havia lá dentro e usando para fazer barricadas nas ruas. Sem deus nem amo! Foi uma das frases que podiam ser vistas pichadas dentro do templo.

A poucos metros dali, novamente atacaram a embaixada da Argentina com pedras e bombas incendiárias. Do outro lado da rua, uma impressionante fumaça saía da Universidade Pedro de Valdivia. O palácio ficou em ruínas.

Um helicóptero de carabineiros que sobrevoava a “zona zero” teve que recuar depois de ser alvejado com ponteiros laser.

Ao sul da cidade houve uma maciça expropriação coletiva de uma grande loja e um ataque a uma delegacia em Pte. Alto. Em San Bernardo, queimaram um banco e encapuzados destruíram os escritórios do registro civil de La Florida e Providencia.

Na cidade de Concepción, o escritório parlamentar da senadora e presidenta do partido de extrema-direita União Democrática Independente (UDI) Jacqueline van Rysselberghe foi incendiado. Em Viña del Mar, destruíram um monumento ao ideólogo da ditadura civil-militar Jaime Guzmán e em Linares um monumento ao ditador Augusto Pinochet.

As ameaças de bombas se expandem, causando fechamento e evacuação de diferentes lugares. O GOPE (Grupo de Operações Especiais) teve que alocar suas tropas para desativar possíveis dispositivos explosivos.

Entre os rebeldes, os sentimentos de tristeza, impotência e raiva são recorrentes e misturados. O número oficial de mutilações oculares por tiros é superior a 200. A polícia sádica dispara nos globos oculares sem se importar com nada nem ninguém; Nicolas, um garoto de apenas 12 anos, sofreu um disparo no olho, perdendo-o. Um tiro de escopeta no rosto de Gustavo, 21 anos, o deixou irremediavelmente cego. Muitos de nós estamos impactados e nossa preocupação aumenta quando vemos que há manifestantes que ainda não usam óculos de proteção. A escola de medicina qualifica como “catástrofe sanitária” a prática sistemática de apontar para a parte superior do corpo.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial que usa um garoto de 13 anos como escudo humano enquanto atirava em manifestantes. A verdade é que é muito difícil de descrever em palavras o que está acontecendo sem um nó na garganta.

O número de feridos é incerto, os números são em torno de 3000 mil. É comum ver manifestantes com impactos, manchas ou sangramento entre aqueles que enfrentam os lacaios.

Apesar da repressão, continuaremos lutando e teremos mais vitórias.

Há uma chamada para Greve Nacional na terça-feira, dia 12, e para lembrar um ano do assassinato durante uma operação policial do jovem mapuche Camilo Catrillanca em 14 de novembro.

Amor a todos e todas que foram golpeados pela violência do Estado.

Ódio eterno ao capitalismo e aqueles que o apoiam.

Força a todas as pessoas irredutíveis da Revolta Social.

PORQUE TEMOS SANGUE NAS VEIAS… AQUI NINGUÉM SE RENDERÁ, CARAJO!

N.T.

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agência de notícias anarquistas-ana

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até que chova.

Werner Lambersy