[Chile] Santiago: 35º dia de Revolta Social

22 de novembro de 2019

SOMOS O CÂNCER DO CAPITALISMO!

O general Bassaletti dos carabineiros declara que a sociedade tem “câncer” e que, para curar a si mesma, “células boas e células ruins são mortas”. O chefe de polícia da Região Metropolitana usou essa analogia para explicar o uso de armas antidistúrbios. Suas palavras se somam a um vazamento em que o general dos carabineiros disse que não removeria nenhum policial durante a Revolta.

O governo anuncia que vai adiantar a admissão de policiais em treinamento para ter 2.500 novos agentes nas ruas. A repressão continua sendo a arma para tentar acabar com a Revolta. Albertina Martínez Burgos é encontrada assassinada em sua casa, ela trabalhava como fotógrafa freelancer e cobriu a Revolta Social. Também foi constatado que sua câmera e computador teriam sido roubados. Suspeita-se de um assassinato político para censurar e instalar o medo na mídia independente.

Na sexta “super sexta-feira” na Praça da Dignidade, muitas pessoas chegam ao epicentro dos protestos. Um grupo de encapuzados carrega no peito uma foto de detidos desaparecidos da ditadura civil-militar e um manifestante se movimenta com uma raquete de tênis para devolver o gás lacrimogêneo.

Nas paredes da “zona zero” aparecem cartazes anarquistas com frases de Errico Malatesta, Gabriel Pombo Da Silva ou Mauricio Morales, onde reivindicam Claudia López e Sebastían Oversluij.

A quantidade de bombas incendiárias aumenta e vários lacaios são atingidos pelo fogo.

A chamada para evadir é realizada com sucesso em várias estações de metrô.

Os protestos aumentam dentro dos shoppings. Em um shopping center em Viña del Mar manifestantes jogam balões pintados como olhos ensanguentados dos andares superiores. Uma pequena marcha dentro do shopping Costanera Center é realizada, do lado de fora centenas de manifestantes atrapalham o tráfego e zoam com a polícia.

Hackeiam contas de bombeiros e publicam ameaças de morte contra o presidente. Também hackeiam monitores do shopping Costanera Center com a imagem de Piñera como ditador.

O prédio da Câmara de Comércio de Talca é incendiado. Em Arica, o senador do PS Inzunsa é ridicularizado por ter pedido mão dura para quem pulou as catracas. Manifestantes denunciam tortura e execução simulada no Quartel da VI Divisão de Exército de Iquique. Em Concepción, policiais praticam violência político-sexual em um manifestante que eles deixam seminus quando rasgam suas roupas.

Danificam com ácido automóvel particular de policial das forças especiais em La Florida.

Jogadoras de futebol do campeonato feminino decidem, em uma assembleia de representantes, suspender o torneio nacional. Jogadores profissionais de futebol vão para o campo com uma faixa e tiram fotos com uma mão sobre os olhos no jogo que retomaria o torneio local, aos 10 minutos eles ficam no meio do campo, fazendo um minuto de silêncio. Barras Bravas (torcida de futebol) chegam aos arredores do estádio e entram aos 60 minutos da partida com violência. A partida é suspensa e a rodada inteira. O governo e a imprensa do poder indicam que os Barras Bravas teriam laços e coordenações com grupos marxistas e anarquistas, e ameaçam investigá-los, tentando deslegitimar suas ações, vinculando-os ao narcotráfico.

Demitem trabalhadores do parque de diversões “Fantasilandia” por represálias por emitir uma declaração afirmando que não atenderiam aos policiais em seus passeios institucionais.

Novamente os venezuelanos atacam os manifestantes em Las Rejas com a Alameda e no Bairro Bellavista “defendendo seu trabalho”. Os “guarinberos” fascistas e adoradores do capitalismo conquistaram o ódio definitivo dos encapuzados.

O anoitecer é difícil, especialmente para os manifestantes que precisam caminhar por horas para chegar em suas casas após um longo dia de luta. Eles tentam caronas sem muitos resultados. Muitos mancam e seus pés estão feridos pelos longos trajetos que fazem.

A chamada é para o Paro Nacional e a GREVE GERAL da terça-feira, 26 de novembro. Os trabalhadores portuários vão aderir aos protestos grevistas.

Muitos acreditam que há um impasse na luta e que é necessário procurar opções para revitalizar a Revolta Social.

Continuamos a apelar para a organização autônoma da Revolta, a assembleia horizontal e a ação direta.

Multiplicar os grupos de afinidade e os escudos anarquistas!

Todos para a rua…

N.T.

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agência de notícias anarquistas-ana

Brilho da lua se move para oeste
a sombra das flores
caminha para leste.

Buson