Como muitos já devem saber, a cúpula do clima prevista para o próximo mês de dezembro no território sob o controle do Estado chileno foi cancelada devido às revoltas que, desde mais de duas semanas, continuam a demolir a “paz” social do país. Perante tal imprevisto, os chefes de turno não podiam ficar sem o seu espetáculo burocrático, necessário não só para se passearem uma vez mais com o seu ar de importância, como também para legitimar – internacionalmente frente à chamada “opinião pública” e às consciências do humanismo bem pensante – a sua geopolítica assassina, dotando-a de uma série de mecanismos e instrumentos que a farão, supostamente, “mais humanitária”, “mais limpa”, “mais verde”, “mais respeitosa”. Por isso e no que, aos nossos olhos, representa uma provocação – tanto pela proximidade das eleições de novembro como, sobretudo pela instabilidade criada em parte do país devido às manifestações e distúrbios na Catalunha, que fizeram crescer a raiva de muites e deixado um enorme saldo repressivo -, o presidente em funções, Pedro Sánchez, ofereceu-se para ser o anfitrião da COP25, convertendo Madrid na sua sede.
Chefes anteriores viram manifestações que tentaram sabotar as suas mentiras. Desde Copenhague há 10 anos, até ao vivido em Paris em 2015, onde coincidindo com o estado de emergência declarado pelos atentados jihadistas, as atividades que se atreveram a ir contra a proibição de qualquer tipo de manifestações de rua, receberam uma repressão assustadora, vemos o rastro de descontentamento que pensamos que é importante continuar a mostrar, levando às portas dos seus palácios sujos.
Tendo em conta a cúpula que se encontra programada para os dias 2 a 13 de dezembro, a apenas um mês de que o evento comece, pode parecer que há pouca margem de tempo para manobrar algum tipo e resposta.
De todas as formas, assistimos nos meses anteriores a greves estudantis e diferentes movimentos internacionais contra as alterações climáticas que em si se caracterizaram por serem mornas, pelo seu caráter democrático, liberal e reformista e pelo seu apelo a figuras de autoridade em instituições do governo, ou dos mercados esperando que as elites financeiras e políticas atuais, voluntariamente, renunciem aos seus privilégios para salvar o planeta da mesma catástrofe que a sua sede insaciável de benefícios vem provocando desde mais de dois séculos (alguns ainda pensam que o problema ambiental que enfrentamos é uma incidência recente!), acreditamos que também motivaram e expandiram os debates e reações sobre este tema por parte de um grande setor da juventude. Há que ver agora se esta mesma gente se mobiliza, por muito pouco que seja o tempo que temos, para demonstrar aos miseráveis que nos governam que, converter o planeta num imenso deserto enquanto eles vivem em mansões rodeadas de comodidades e privilégios manchados de sangue não lhes vais sair grátis.
Pela liberação animal e humana, pela defesa da vida selvagem, pela terra e pelas que lutam para defendê-la em todas as partes.
COP25, nem no Chile, nem em Madrid, nem em lado algum!
Anarquistas
Tradução > Ophelia
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Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!