[Chile] Santiago: 45º dia de Revolta Social

2 de dezembro de 2019

NÃO CONQUISTAMOS NADA… NÃO PODEMOS NOS RENDER!

Utilizando o desemprego como uma arma agudizam a campanha de terror econômico, já não basta infundir o medo aos “Narcos, Anarcos e Barras Bravas”. Agora soltam os fantasmas da recessão e logicamente culpam a Revolta Social: “Se não paramos os protestos vamos parar o investimento” ameaça o Presidente da Confederação da Produção e do Comércio.

O Imacec caiu -3,4% e preveem 10% de desemprego para janeiro de 2020. Em uma ilusória promessa, o Governo anuncia a criação de 100 mil empregos e em outra descarada burla o Congresso aprova que o salário líquido mínimo suba de 288 mil para 301 mil, apenas 13 mil pesos a mais. Essas são as migalhas que propõe o poder, seguem rindo de nossas caras.

Piñera anuncia como um grande aporte, e de forma enganosa, um abono de 100 mil pesos, a verdade é que é um abono de 50 mil por vez com um máximo de dois e só para 25% das famílias mais pobres. Um abono que ninguém pediu, um remédio para acalmar as manifestações. Na rua seguimos exigindo soluções significativas nos salários, aposentadorias, saúde, educação e meio ambiente.

A azeitada maquinaria do Estado funciona de forma acelerada e aperfeiçoa ainda mais sua repressão. A Câmara de deputados aprova a “Lei antibarricadas” e “Antisaques” que na realidade são leis contra os protestos, aumentando as penas de cárcere raiando o absurdo. Todo o espectro político votou a favor, desde a UDI ate a Frente Amplio e o PC. Uma dolorosa bofetada na cara para quem ingenuamente chamam para utilizar as ferramentas do poder para “mudar o sistema desde dentro”. Segues acreditando nas eleições como “forma de luta”?

Estados Unidos anuncia, agora sem nenhum escrúpulo, a “ajuda” a governos latino-americanos para que não se produzam sublevações populares.

A polícia uniformizada confirma a compra de mais carros blindados lança gases e lança águas. Em Valparaiso desfilam com seu hino por alto falantes enquanto alguns policiais realizam a saudação nazi.

Fascistas chamam a golpear a quem protesta aproveitando que as convocatórias foram diminuindo. Em um protesto perto do shopping Alto Las Condes se produzem lutas entre “meninos de bem” e estudantes.

Em resposta aos golpes contra encapuzados no Barrio Bellavista atacam os locais noturnos desde onde saíram os “guarimberos” venezuelanos.

Na manhã uma manifestação pela água e contra as zonas de sacrifício se realiza na Praça da Dignidade.

Na zona zero seguem juntando-se diariamente manifestantes, cada vez somos menos e em um fenômeno que não sei explicar, só às quartas e sextas-feiras fica repleta.

A nova estratégia policial é dominar a Praça da Dignidade ante a diminuição de manifestantes.

Continuam os enfrentamentos entre encapuzados e lacaios do Estado. As paredes são um museu aberto da Revolta Social, transeuntes admiram o talento e originalidade de cartazes e grafites.

Todos os dias grupos de estudantes seguem incentivando a evasão nas roletas do metrô.

Por acordo próprio, trabalhadores de um cinema atenderam com um tapa-olho.

A Usach (Universidad de Santiago de Chile) termina com a terceirização e 300 pessoas, principalmente trabalhadoras da limpeza, foram contratadas e seus salários incrementados. Uma medida muito aplaudida e valorizada.

Nos bairros seguem resistindo e as barricadas não deixam de arder.

Na noite se produzem fortes enfrentamentos no povoado Yungay, há muitos feridos e ataque à delegacia.

Em Copiapó um desconhecido deixou desabilitado um blindado lança águas ao subir e sabotar o pitão [mangueira].

Em Peñalolen vandalizam quatro automóveis particulares de policiais.

Abaixam em 50% as tarifas dos pedágios para motocicletas e em uma cifra similar a automóveis, ônibus e caminhões. Perdoam em 80% as multas. Apesar do acordo, o movimento “NO+TAG” não se conforma e anuncia que seguirá com as mobilizações até que baixem as tarifas das estradas inter-urbanas.

Chamado para a sexta-feira, 6 de dezembro, a uma grande manifestação na Praça da Dignidade.

Seguimos vandalizando a conformidade!

AVANÇAMOS COM ORGANIZAÇÃO “FORMAL” E INFORMAL ATÉ A LIBERDADE!

Não nos rendemos…

N.T.

Tradução > Sol de Abril

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