Desde 2012, a Editora Monstro dos Mares vem passando por profundas modificações. Quem acompanha nosso bonde pode perceber que algumas técnicas e o volume de impressão mudaram bastante, mas que a natureza de nossa atividade segue exatamente a mesma: publicar os modos de pensar e as práticas que formam os movimentos de luta social de nosso tempo. Entendemos que existe uma diversidade de ideias que constituem aquilo que pode se definir como “luta social”. Não temos interesse em definições rígidas, pois compreendemos que vivemos em um mundo em constante mudança, no qual pessoas transformam e se transformam de forma ininterrupta. É simples imaginar que práticas de luta e resistência, bem como teorias e epistemologias que questionam o poder, o Estado e o estado de coisas, também estão em movimento. Um livro aberto nunca será estático.
Somos monas, minas e manos agindo para destruir hierarquias, a centralização do poder e a coerção em todas as suas expressões. Nosso posicionamento político-editorial está amarrado às necessidades de quem sofre cotidianamente com as formas de exclusão e precarização da vida. Nos alinhamos aos desejos e estudos de quem se identifica com o questionamento do que está posto e busca, através da autonomia e da solidariedade, a construção de significados para compreender o nosso tempo e lutar contra todas as formas de opressão, por mais subjetivas que pareçam à primeira vista. Essa proposta não impede que as pessoas que integram nosso bonde editorial mantenham seus posicionamentos individuais, sejam filiadas a organizações, etc. Cada pessoa faz sua correria, movimentação de base, atuação em grupos, coletivos e movimentos, ou mesmo seja alguém que utiliza o espaço de produção acadêmica e de pesquisa para contribuir com questionamentos e ideias para compor nosso catálogo de publicações e materiais que escolhemos distribuir.
Editoras são necessárias. Por isso, no ano de 2020 a Monstro dos Mares, além de seguir com seu projeto de divulgação acadêmica anárquica, vai mobilizar seus esforços para ampliar a quantidade de novas editoras. Para cumprir esse objetivo, compartilharemos conhecimentos e aprendizados de métodos de produção e tudo aquilo que estamos aprendendo nesses oito anos de atividade, em que nos envolvemos ainda mais em fazer e distribuir livros e zines. Quando enviamos materiais para singularidades, grupos de estudos, pesquisadoras, bibliotecas, coletivos e movimentos, colocamos em prática aquilo que nos constitui como pessoas que lutam por emancipação, liberdade, apoio mútuo, cooperação e solidariedade em todas as expressões da vida. Distribuir livros é multiplicar ações e compartilhar reflexões.
Convidamos todas as pessoas a somar em nosso propósito de transferir conhecimentos para que mais editoras possam existir, para que mais ideias possam ganhar as páginas das ruas e que mais pessoas possam aprender, instruir e compartilhar saberes e práticas anárquicas e anarquistas. Desde nossa primeira impressão nos alinhamos ao compromisso de fazer com que as palavras, a tinta no papel e a divulgação de ideias de nossas lutas possam ocupar espaço na articulação daquilo que constitui o que chamamos de luta social. Tocar uma editora é dar espaço às possibilidades.
Por um 2020 combativo: publique suas ideias!
abobrinha, baderna, enguia, R., ste, sullivan, tonho, zé.
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!