Cada 31 de dezembro, milhões de pessoas nos preparávamos para começar, como nos diziam, um novo ciclo. Mas depois da festa e das férias, nossas vidas seguiam sendo tão miseráveis como antes. Nada mudava, só os números nos calendários. Em 18 de outubro, com a revolta, começou algo novo: aqueles que jamais teriam trocado uma palavra nas ruas viram-se envoltos em algo em comum. Isso é o que assusta o Estado e a classe capitalista, por isso é que mataram e mutilaram a tanta gente, e por isso é que em 27 de dezembro passado mataram Mauricio Fredes, a vítima mais recente da repressão policial.
O que ocorre no Chile, está ocorrendo em muitas outras partes do mundo, trata-se de um movimento internacional que poderia levar a humanidade para outro tipo de sociedade. Se neste sistema todos sentimos que nos falta tempo para fazer o que realmente queremos, não é porque a natureza e o tempo do universo estejam contra nós, já que o que realmente acontece é que vivemos sob a ditadura do capital que converte a vida humana em um meio para criar lucros monetários. Mas despertamos, e já não queremos ser coisas, queremos viver uma vida criada por nós mesmos e que se adeque a nossas necessidades e desejos.
Parece um sonho difícil, uma utopia, mas não é. Nós participamos todos os dias na criação de um mundo que nos é alheio e que é cada vez mais funesto e nocivo. E nós podemos mudar esta realidade: esse será o verdadeiro começo de nossa nova vida. A revolta nos trouxe verdadeiros momentos de felicidade, de encontro coletivo, de brincadeira, de festa, de amor… sempre estivemos ali, uns ao lado dos outros, mas até agora nunca havíamos nos encontrado como seres verdadeiramente humanos. A alternativa é clara: revolução ou lento suicídio cotidiano, revolta generalizada ou escravidão assalariada. Contra a ditadura dos relógios, dos alarmes, das listas de espera… que viva o tempo infinito da comunidade humana!
Feliz primeiro ano novo de nossas novas vidas!
Já não há volta atrás!
Omnia Sunt Communia
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
a chuva cai forte
e os ruídos que sobem
corroem meus olvidos
Thiago de Melo Barbosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!