Jonathan Pollak, um anarquista israelense e ativista de solidariedade aos palestinos há longo tempo, foi preso pelo Estado de Israel no dia 6 de janeiro, quando policiais disfarçados visitaram seu local de trabalho em Tel Aviv, depois que ‘Ad Kan’, uma organização de extrema direita, processou Pollak e outros 2 ativistas anti-ocupação israelenses pertencentes ao grupo “Anarquistas contra o muro”, levados ao tribunal por “incitar manifestantes palestinos à violência” e agredir soldados israelenses.
Jonathan recusou-se a ir ao tribunal por meses, porque isso, em suas palavras, seria reconhecer a autoridade do estado de administrar a resistência contra a ocupação. Segundo o jornalista, ele não reconhece a legitimidade de um sistema que mantém uma ditadura militar sobre pessoas que carecem de todos os direitos democráticos básicos na Cisjordânia e Gaza ou que são considerados cidadãos de segunda classe em Israel.
Jonathan foi preso, eventualmente, como já foi mencionado, depois que a polícia israelense enviou policiais disfarçados a seu local de trabalho – o jornal Haaretz em Tel Aviv, onde trabalha como designer gráfico. Foi oferecido a Jonathan que pagasse uma fiança de 500 shekels para ser libertado, que ele se recusa a pagar e, atualmente, permanece preso. Segundo ele, o povo palestino é julgado em um sistema militar diferente, por tribunais militares, sob diferentes leis militares, e não em tribunais de cidadãos como os judeus israelenses, e as punições são muito maiores. O povo palestino preso sob acusações semelhantes foi mantido em piores condições por meses e, às vezes por anos, sem a opção de pagar uma fiança de 500 shekels para sair. A recusa em reconhecer a legitimidade de um sistema que possui dois sistemas jurídicos diferentes, uma democracia liberal para judeus israelenses e uma ditadura militar para o povo palestino, é o que está no centro da recusa em legitimar e reconhecer a autoridade do tribunal.
‘Ad Kan’ é uma organização israelense de extrema direita que dedica seus esforços a perseguir organizações de esquerda e de direitos humanos. Alguns de seus métodos incluem o emprego de infiltrados com câmeras ocultas, que se disfarçam de ativistas e participam de manifestações e ações (algumas dessas ‘investigações’ foram transmitidas na mídia israelense na televisão, incluindo um protesto palestino em Bil’in com o Anarquistas contra o muro) e processar ativistas. A própria juíza alegou que as “evidências” que eles têm contra os anarquistas processados são fracas e pouco convincentes, mas ainda ordenaram prender Jonathan, que não apareceu nas discussões do tribunal por se recusar a reconhecer a autoridade do tribunal. Todo esse episódio estranho serve apenas para mostrar como o Estado israelense e as organizações de extrema direita estão trabalhando juntas em harmonia para perseguir e criminalizar a oposição e a resistência à política racista do apartheid do sistema sionista.
É importante notar que, como mencionado anteriormente, os palestinos recebem punições e tratamento muito piores pelo sistema de “justiça” de Israel e são julgados por tribunais militares diferentes, com um sistema de leis diferente (embora os colonos judeus que moram perto deles na Cisjordânia sejam julgados como cidadãos israelenses nos tribunais israelenses). Abdullah e Adeeb, moradores palestinos de Bil’in, uma vila na Cisjordânia com a qual Jonathan protestou em solidariedade por muito tempo, passaram ambos 16 meses na prisão por falsas acusações semelhantes. Ahed Tamimi, uma menina de 14 anos que deu um tapa em um soldado que invadiu sua casa em Nabi Saleh, vila perto de Bil’in, passou 8 meses na prisão. Todos foram sentenciados em um tribunal militar da ocupação militar, e nenhum deles recebeu uma fiança de 500 shekels para ser libertado.
O sistema sionista de apartheid e ocupação militar deve ser contestado. A resistência e a solidariedade mundial são a nossa arma mais poderosa. Desafiar nossos privilégios ao nos opormos ao sistema de separação racial é o mínimo que podemos fazer por nossos irmãos e irmãs do outro lado do muro.
Anarquistas
Tradução > abobrinha
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!