Para Marcelo, com toda a cumplicidade da luta!
Me chegaram tuas palavras de coragem e solidariedade que me encheram de emoção e simpatia!
Hoje respondo (antes tinha a censura nas cartas) a tuas palavras porque creio que é importante estabelecer laços de cumplicidades entre nós os anarquistas de todo o mundo.
Como creio que é essencial ter uma visão de companheirismo internacionalista e de digna resistência tanto com as palavras como com as ações.
Querido companheiro, hoje minhas palavras e meu coração palpitam juntos com o teu, com as lutas que se levantaram com coragem e dignidade contra o governo do Chile e que se transformaram desde a simplicidade de uma luta pela passagem do metrô, até o incendiar e atacar tudo aquilo que oprime ao longo do Chile. Mas não posso negar que minha estima e minha simpatia vai para xs companheirxs anarquistas que sempre estiveram aí na luta de rua tanto de dia como de noite, no passado e no presente.
Apesar de que nos encontramos prisioneiros em diferentes latitudes do planeta, sei que nossa luta continua com a frente em alto e com dignidade! Por isto envio estas simples palavras de solidariedade e de coragem aos revoltosos golpeados pela repressão do estado chileno, a brutalidade das torturas, as violações sexuais, os assassinatos, não serão esquecidos! E o mais importante é que não detiveram a luta! Isto demonstra a coragem de mulheres e homens que continuam lutando com dignidade.
Há que revindicar a liberdade dos 1700 presos da revolta chilena, sem esquecer nenhum prisioneiro nos cárceres, que como tu companheiro Marcelo, sempre lutaram! Não tenho nenhuma dúvida de que tua luta, vossa luta, é minha luta! Isto me dá coragem e me sinto orgulhoso de fazer parte desta galáxia anarquista, para assim continuar adiante com a luta até que o estado e seus cárceres sejam demolidos do universo.
Creio também fundamental recordar os companheiros revolucionários e rebeldes conhecidos ou desconhecidos que sempre lutaram no passado, para assim continuar seu caminho hoje. Recordar sobretudo aqueles que não se deixam vencer de tempos porque não são maduros e continuam a luta permanente com paixão e contra a corrente. A todos aqueles que não se resignam apesar de que todas as previsões são adversas.
Recordar os companheiros revolucionários do passado não como ícones, mas como exemplos na prática, porque são nossas raízes e nossa alma! Alma que não é abstrata nem religiosa mas uma alma que é pragmática, é luta universal! É alma que tende para a revolta aqui e agora!
Por isto mesmo gostaria de recordar um companheiro chileno que morreu aqui na Itália com dignidade ao lado de outro companheiro na explosão da bomba que estavam preparando em Torino em 4 de agosto de 1977. Trata-se de Aldo Marín Piñones e Attilio di Napoli, morreram com a idade de 24 anos, militantes do grupo armado Azione Rivoluzionaria (grupo Anárquico/comunista). Um companheiro que lutou contra o regime de Pinochet e foi encerrado nos cárceres da ditadura chilena e morreu lutando contra a democracia ocidental totalitária. A nós cabe lutar e lutar…
Juan Sorroche – Cárcere de Terni – AS2 – 01/01/2020
Um abraço companheiro Marcelo, contra ventos e marés
“Irredutíveis sempre, esquecer jamais!” – Marcelo Villarroel
Tradução > Sol de Abril
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