De 6 à 14 de junho de 2020
Frente a um país que vive um processo de atualização de seu modelo de economia de controle social, com a invasão policial em espaços de liberdade que foram resgatados ou construídos dentro da sociedade, ante o renovado assédio imperial ianque, que reforça o imperialismo interior do Estado cubano, em meio do colapso que obriga a nos concentrarmos em um agonizante cotidiano de buscas básicas de subsistência, com a ameaça potencial de adoecer com cada demonstração de afeto, da tentação de assumir atitudes destrutivas, como o desespero, o ódio e a auto-vitimização, vão se tornando presença endêmica entre nós.
Um espírito antissistema vai crescendo em Cuba, com matiz respeitavelmente heroico, e junto a isso a ideia de que temos o direito de mudar nossos opressores. Isso, no entanto, pode se converter em uma faca de dois gumes, ao instaurar uma espécie de achatamento do impulso por buscar e exercer alternativas liberadoras, construir sociabilidades desde a autonomia e empreender projetos e ações realizáveis, a partir do que dispomos aqui e agora mesmo, do que somos e de realidades e espaços concretos.
A 5ª Jornada Primavera Libertária de Havana, como as anteriores desde 2013, não pretendem ser parte da suposta “onda libertária” anticastrista, que se agita desde as piscinas da Florida, pois sabemos que o anticastrismo conduz aos mesmos horrores e deslocamento que já nos trouxeram o antimachadismo e antibatistianismo, ao conceber a sociedade e as pessoas como massa tática a disposição de conspirações palacianas (masculinas). Tampouco esta Jornada pretende ser um mero espaço amplificador para o pedido de dispendiosos direitos para os poderes em bancarrota em Cuba ou para a tertúlia crítica e ociosa ao existente.
Mais proveitosas e discretas, as Jornadas Primavera Libertária, buscam ser um catalisador e prefigurador de possibilidades de autonomia, interdependência e liberdade das pessoas livremente associadas agora mesmo, aqui e no mundo, para criar alternativas à crise civilizatória em curso, desde o local, mas pensando no global. Um observatório de práticas sociais criativas, nas mãos dos que as realizam e dos que também sonham em fazê-las.
Esta Jornada se abre como um espaço para conectar vontades e espíritos que queiram erigir formas não autoritárias, não capitalistas, não patriarcais, não consumistas de convivência; para fomentar a criação e experimentação; e não eleger candidatos a opressores bons, que transformem nossas vidas nas nossas costas, em troca de uma submissão reciclada.
Para propor temas de intervenção, propostas de espaços, atividades, críticas e insultos, comunicar-se até 24 de maio com primaveralibre@riseup.net.
Centro Social e Biblioteca Libertária ABRA
FB: https://www.facebook.com/events/946933909072018/permalink/946936822405060/
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!