[Reino Unido] Coranavírus e o colapso do neoliberalismo

Sexta-feira, 20 de março de 2020

Deixando de lado as diferenças entre as diversas respostas nacionais e governamentais ao surto da COVID-19 (coronavírus), o que possuem em comum é uma defesa às políticas ultraneoliberais. Com isso, falamos sobre como o governo do Reino Unido trocou sua principal preocupação, voltada à economia, para mostrar preocupação com a saúde da população. A ideia de que o Estado não deve intervir na esfera financeira foi, praticamente, jogada no lixo. Mesmo os defensores mais fervorosos e ideologicamente conduzidos pela ideia do “Estado mínimo” tiveram que ceder a um desastre iminente, que significaria até mesmo o fim do capitalismo de mercado. Embora anarcossindicalistas não a favor do Estado mínimo – queremos abolir o Estado –, constantemente criticamos a política que sustenta esta abordagem. Temos defendido constantemente um maior financiamento público ao Sistema Nacional de Saúde, ao transporte ferroviário e à educação, com base no fato de que esses são os aspectos da nossa sociedade que melhoram a vida e não se limitam a servir aos ricos.

Agora, com o potencial colapso das companhias aéreas, as enormes pressões sobre o Sistema Nacional de Saúde e perspectiva de que muitas empresas fecharão, o modelo laissez-faire da “dinâmica de mercado”, que permite que alguns prosperem e muitos fracassem, está rapidamente sendo revisto. Grandes árvores de dinheiro de repente brotaram, apesar dos conservadores terem dito, por anos, que não havia nenhuma, e grandes e pequenas empresas possivelmente receberão grandes pagamentos para se sustentarem. Mas a pergunta é: no Reino Unido, como trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias irão se sustentar? Como o Sistema de Saúde funcionará à luz desta crise? Agora vemos uma década de austeridade e cortes em foco. Os conservadores têm colocado há anos, literalmente, a nossa saúde e os nossos meios de subsistência em risco. Aqueles demandando a saída do Reino Unido da União Europeia e um retorno a “soberania britânica” podem muito bem encontrar-se agora sem enfermeiras(os) e médicas(os) – estrangeiras(os) – para cuidar deles em hospitais e centros cirúrgicos.

Demandamos:

1) Recursos adequados para o Serviço de Saúde e proteção adequada para as trabalhadoras e trabalhadores da saúde.

2) Ocupação de hospitais privados e leitos para pacientes do coronavírus sem o Sistema Nacional de Saúde ter que pagar um “aluguel” caríssimo por essas instalações.

3) Compensação às trabalhadoras e trabalhadores despedidas(os) e sofrendo uma enorme redução salarial em consequência do vírus, incluindo o estabelecimento de um salário de subsistência real numa de forma temporária.

4) Testes gratuitos para pessoas que suspeitam que têm o vírus.

5) Um congelamento do aluguel e de outras contas.

Boris Johnson e outros apelaram para o retorno do “espírito Blitz” e afins como parte de um esforço nacionalista para provar que os britânicos podem enfrentar uma crise. Entretanto, sempre na prática, as pessoas têm formado grupos locais e nacionais de ajuda mútua ao COVID-19 para cuidar de idosas e idosos, vulneráveis, necessitados e doentes na sociedade. Este é o tipo de resposta que prezamos – solidariedade social e coletiva real, independentemente da raça, gênero, tipo de família ou nacionalidade. Seja gentil com suas vizinhas e vizinhos, ajudem e apoie as trabalhadoras e trabalhadores que estão em perigo devido a este vírus.

Solidarity Federation (SolFed)

>> Solidarity Federation (SolFed) foi formado em março de 1994. É uma federação de grupos por toda a Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda. Todas as pessoas envolvidas estão ajudando a criar um movimento de solidariedade não-hierárquica e antiautoritária. O alicerce básico para fazer isso é o grupo local.

solfed.org.uk

Tradução > A Alquimista

agência de notícias anarquistas-ana

Tão pequena
E desbotada de chuva
A casa da infância!…

Paulo Franchetti