Nas condições sociais sem precedentes em que vivemos, a propagação do coronavírus tomou dimensões críticas para o sistema de saúde nacional e para o modo capitalista de produção, bem como para a organização social geral. Para que o sistema sobreviva, Estado e patrões implementam políticas totalitárias e a consequente desvalorização das nossas vidas.
• Ausência de instituições de saúde para a grande maioria da população;
• Militarização da nossa vida diária com proibição de movimento através da repressão econômica, penal e vigilância;
• Layoffs massivos, intensificação de condições terríveis para as pessoas que trabalham em hospitais, supermercados, restaurante de fast food e telecomunicações;
• Criação de campos de concentração para migrantes e encarceramento massivo em prisões, sem qualquer cuidado de saúde;
• Nenhuma medida significativa para as pessoas sem-teto, usuárias de drogas e trabalhadores sexuais;
• Aumento dos casos de violência doméstica e de gênero, bem como de esgotamentos psicológicos devido ao confinamento prolongado das pessoas em suas casas.
Todos os pontos anteriores criam uma distopia em que julgamos necessário responder de forma direta e coletiva, auto-organizada e em solidariedade com cada pessoa que experiencia as consequências físicas, psíquicos e mentais do totalitarismo; e ao mesmo tempo, lutar para quebrar a gestão totalitária e não contraproducente do Estado, perante a crise atual. Por estas razões queremos comunicar e criar uma rede de solidariedade e luta que tem como objetivos iniciais:
• Coleta e entrega de comida e medicamentos; ou refeições em refeitórios e cozinhas sociais;
• Apoio psicossocial, por telefone, ou mesmo presencial, de acordo com as medidas de saúde atuais;
• Reportar casos de violência doméstica e de gênero e intervenção direta;
• Selecionar e publicar informação dos campos de concentração e prisões.
A responsabilidade não é coletiva e o Estado tem vergonhosamente tentado manipular-nxs através da cobertura do romance-horror do vírus pelos meios de comunicação, mas é primeiramente e antes de tudo, responsabilidade do próprio Estado. A mudança de responsabilidades do Estado e seus representantes para cada indivíduo, para a absolvição da falta de financiamento e de pessoal do sistema de saúde é inaceitável e vil. Não somos quem deve culpar-se pela escassez permanente de pessoal médico, de unidades de cuidados intensivos, de equipamento médico, mas sim os governos que gastam milhares de euros para salvar bancos, ou para equipamento militar em vez de colocarem pessoal nos constantemente subvalorizados hospitais público.
Apresentamos, como coletivo de ação direta, um congelamento de pagamentos, débitos, rendas, eletricidade, água, internet e transportes públicos. De acordo com o que pensamos, estes serviços básicos devem ser grátis em qualquer momento e, ainda mais numa situação destas. Todas as pessoas de classes exploradas e não privilegiadas têm de gastar o seu dinheiro em bens básicos, como comida e medicamentos, uma vez que o futuro é incerto.
EXIGIMOS DO ESTADO E DOS PATRÕES
• Socialização permanente de todos os meios e produtos privados de saúde;
• Benefícios de desemprego para todxs trabalhadores em situação de layoff e pessoas desempregadas;
• Todos os bens vendidos a preço de custo: os donos de supermercados não se beneficiarão às nossas custas;
• Cumprimento das exigências de trabalhadores por remuneração, tempo de trabalho e, até a cessação do emprego para sua autoproteção;
• Fechamento de todas as estruturas capitalistas (fábricas, shoppings, etc.) que não cubram necessidades básicas;
• Conformidade com as exigências das pessoas presas e libertação de todas as pessoas de alto-risco, pessoas presas com penas inferiores a 5 anos e todas as que aguardem julgamento. Criação de condições de saúde para as pessoas presas e distribuição de produtos sanitários;
• Fechamento de todos os campos de concentração e documentos para todas as pessoas migrantes;
• Transformação de hotéis e airbnb em locais de auto-confinamento para pessoas com sintomatologia, grupos de alto-risco, pessoas afetadas pela violência doméstica e de gênero e pessoas que enfrentem problemas com a habitação.
Tsiodras chorou lágrimas de crocodilo pelas pessoas que adoecem e convidou todxs a assumir responsabilidades para a proteção da saúde pública. Reconhecendo que a saúde pública inclui também as pessoas das fábricas, as presas, as dos campos de concentração, anunciamos que se o Estado não cuidar da saúde pública no seu total, temos a responsabilidade coletiva de tomar ações que assegurem isso. Informamos, também, que nos moveremos obrigatoriamente para organizar ações semelhantes no caso do Estado continuar a exploração deste estado de emergência para a repressão de seus inimigos políticos, anarquistas e lutadores, e para passar leis que não passariam em tempos de mobilização. O movimento e as pessoas da base social estão já a organizar ajuda mútua e estruturas de resistência para a crise atual e para o empobrecimento futuro e nenhuma lei marcial nos poderá deter. A sobrevivência das pessoas reprimidas e exploradas em tempo de crise geral depende diretamente da sua auto-organização e por isso, qualquer tentativa de repressão tem de ser respondida desafiando qualquer tipo de restrições.
Telefone: 00306945276127
E-mail: synsquat@riseup.net
FB: AntiCovidAidNetwork
Tradução > Ophelia
agência de notícias anarquistas-ana
minha sombra
com pernas mais longas
não me afasta
André Duhaime
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!