Dia 4 – Chuva, sol, trens soviéticos e uma viagem muito louca num festival de música mainstream
Da outra vez que vim pra Lituânia, desci no aeroporto de Kaunas, cidade que fica a mais ou menos 1h da capital Vilnius. Dessa vez nosso vôo nos deixou diretamente em Vilnius, cujo aeroporto parece menor que o de Kaunas e mais novo. Há um trem que passa pelo aeroporto e vai pro centro da cidade, onde vive Égle, irmã do Paulius, mas fomos até ele e o próximo seria às 11h05 – eram 10h, porque o vôo da RyanAir chegou antecipado, fato que faz com que eles toquem um som de trombeta na cabine estilo anúncio de entrada de rei em filme medieval e celebrem mais um vôo pousando antes da hora. O trem é novo e Paulius disse que a Lituânia está cada vez mais parecendo com a Europa ocidental, ao que eu respondi que são 20 anos sem União Soviética, estão no auge de viver o sonho capitalista liberal – e dá-lhe construção civil.
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Dia 5 – Casa da vó, turismo e mais festival
O combinado era o pai dele, Raimondas, e a mãe, Laima, pegarem a gente na porta do festival pra ir comer na casa da vó (do Paulius). Antes, porém, demos outra volta pelo festival, com Neringe. Havia várias diversões, como um pequeno bungee jump, a quadrinha de basquete, quadras de BADMINTON, uma corda sobre o lago (ah sim, o festival era na beira de um lago) na qual você deslizava segurando na ponta e soltava caindo no meio do lago, etc. Paulius tinha descoberto que havia uma prova em que você tinha que andar com uma bike sobre um caminhozinho estreito de madeira sobre o lago, de uma margem a outra. Se conseguisse, ganhava um BlackBerry. Claro que ele quis tentar.
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Dia 6 – Breves visões da Guerra Fria pelo lado soviético
Acordei às 16h da tarde no domingo, 22 de julho. Tinha dormido nada mais do que 13 horas. Isso tendo acordado no meio da noite, 7h da manhã no caso, pra cagar – do lado de fora, porque como falta tubulação tem que ser num banheiro estilo “Quem quer ser um milionário?”. Meio chato acordar o pai do teu amigo às 7h da manhã pra cagar, mas no caso foi ele quem acordou sozinho achando – corretamente – que eu queria ir ao banheiro e evitando que eu cagasse no banheiro ainda não terminado.
Depois de acordar, comemos – mais batata e derivados de leite – e pegamos a estrada pra Vilnius, que o vôo do Paulius era às 21h50. No caminho, mais conversa, e aí eu me sentindo todo dizendo que sabia que o primeiro homem no espaço havia sido Yuri Gagaryn, quando Raimondas me diz:
– Sim, e a primeira mulher foi Valentina Tereshkova.
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Dia 7 – Esquecimentos e rolê pelo centro
No dia em que dormi na casa dos pais de Paulius, o pai dele levantou por mais de uma vez questionamentos sobre conforto e apontou como era bom estar na casa nova, mesmo que ainda não terminada, por ser grande e confortável. Essa casa é o resumo do sonho americano de subúrbio, num bairro um tanto afastado, sem muito barulho, quintal enorme. Em contraste com os apartamentos soviéticos, é quase uma materialização palpável da mudança na orientação política e econômica responsável por ditar os rumos socioespaciais do país. Acordei pensando nisso e em algumas outras coisas: primeiro, a pizza lituana que comi no festival, muito boa e com um molho pesto delicioso. Segundo, uma situação bizarra que me esqueci de contar. No festival, sentado com os outros num banco, veio um cara trocar idéia por causa do meu cabelo (a loirada aqui toda pira num cabelo enrolado). Perguntou de onde eu era e disse que já trabalhou com brasileiros. Depois disse que eu estava no lugar certo, porque “todo mundo ali estava louco pra transar”. Preferi não explicar que sim, até gosto de transar, mas não estava ali pra isso, que é meio triste ir pra um lugar desses do outro lado do mundo só pra ficar procurando transa, mas continuei a conversa amigavelmente e ele se foi.
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