Este grupo foi pensado pelos companheiros e companheiras da Federação Anarquista Turinesa. Abaixo o texto de apresentação.
O que queremos fazer?
Criar pontes que não deixem sozinhos os mais frágeis, que permitam construir redes sólidas de apoio mútuo.
Nos querem isolados, divididos, desconfiados, impeçamos a difusão da psico-polícia, demonstremos que sobrevier à epidemia depende também de nossa capacidade de organizarmos, lutar, dar-nos sustento recíproco.
Te serve uma máscara? Não sabe, não quer, não pode pedi-la pela internet? Procure alguém que viva próximo a você e possa te ajudar.
Você está sozinho, é frágil e não consegue fazer suas compras? Assinala isso aqui: você poderá encontrar alguém que te dê uma mão e outro a quem você possa ser útil, por sua vez.
Você foi multado? Quer saber como fazer um recurso? Assinala isso aqui: poderá encontrar quem te dê as indicações precisas.
Você está refém de seu trabalho? Teme perder seu lugar se protestar porque não se sente seguro na fábrica, na oficina, no hospital? Organize-se junto as teus companheiros de trabalho e assinala na lista aqui sua luta. Se as mídias se calam, se os empreendedores te ameaçam, fazer saber o que acontece serve para que outros possam se mexer em solidariedade, para que o silêncio não facilite a repressão.
Tanta gente tem a febre mas está trancada em casa sem teste nem visita médica. Muitos têm medo para si e para quem vive com eles. Experimentemos fazer pressão coletiva para modificar a situação. Uma simples gota perde-se no mar. Muitas gotas podem desembestar uma tempestade.
Frente à epidemia é fácil encontrar-se frágil e incapaz de reagir. Especialmente se não somos mais tão jovens, fortes, se tememos pelos nossos entes queridos, pelas pessoas a quem desejamos bem. A realidade é duríssima. No coração do Primeiro Mundo, no centro da área mais rica do país, as pessoas adoecem e morrem sem cura adequada. Nos contam de ter feito o impossível, mas a verdade nos é contada pelos médicos de base que não conseguem internar nem ao menos quem está em condições desesperadoras. Todos sabemos como estão as coisas. Em tantas casas tem gente doente, que recebe indicações por telefone, sem oxigênio, teste, oxímetros: quem vive com os doentes arrisca adoecer e difundir o contágio.
Dizem que tudo está bem, mas cada dia morrem centenas e centenas de pessoas. De algumas pessoas nem ao menos sabemos: morreram em casa, sem que ninguém fizesse um teste a elas.
A quina que estávamos descendo nas últimas décadas tornou-se, de repente, precipitosa. Estamos reclusos em domicílio, submetidos a controle militar, vigiados por drones e apps. Prisioneiros, infantilizados, enquanto o barulho das ambulâncias dilacera o ar, estamos induzidos a acreditar de sermos responsáveis pela difusão irrefreável da morbidade, para esconder a responsabilidade de quem ontem e hoje está no governo do país e das regiões.
Esteja claro: garantir-se e garantir a segurança dos outros, com máscaras e permanecendo à distância, é necessário hoje: cada um de nós é responsável pelos próprios atos. Nós, anarquistas, sabemos bem: para nós a responsabilidade individual é o pilar de uma sociedade de livres e iguais.
Conte [primeiro-ministro da Itália] emite editos como um rei e os comunica em redes nacionais, enquanto as oposições limitam-se a dizer que precisa apertar ainda mais as malhas da reclusão domiciliar em massa a que estamos submetidos.
Prometeram esmolas e quem não consegue mais pagar as taxas, boletos, sabemos que estas contas serão somente adiadas.
Na periferia o medo e as fracas vendas fizeram com que tantos negócios de alimentação de vizinhança fechassem: é fácil prever que poucos reabrirão.
No entanto, tem quem não consiga fazer as suas compras: logo as esmolas do governo não bastarão.
A informação tem cada vez mais o caráter da correspondência de guerra, onde os inimigos são aqueles que fazem uma corrida ou vão a um supermercado mais distante.
Quem narra sua vida cotidiana em tempos de epidemia é ameaçado de demissão.
A cada dia a mídia alimenta a desconfiança irracional, a caça ao infectador.
Querem evitar que germine a semente da dúvida, que cresça e se reforce a planta da crítica. Todos nós estamos coletivamente privados da possibilidade de conhecimento e controle sobre a pesquisa, a experimentação, a escolha dos objetivos.
O Exército não está na rua somente para controlar os transgressores de normas que mudam a cada três dias: neste país há mais policiais que médicos. O Exército está nas ruas com os carros blindados porque poderia aparecer a dúvida em alguém se, nossas casas são os lazaretos onde, um depois do outro, adoeceremos todos. Em silêncio.
Alguém espera que acabe, imóvel. Ao invés, por mais que estejam distantes as margens, alguma coisa pode ser feita.
Devemos despedaçar a cadeia do isolamento, com solidariedade, o apoio mútuo, a construção de redes que nos tornem mais autônomos em relação ao instituído, mais capazes de trocar as informações sobre a vida cotidiana em tempos de reclusão domiciliar em massa, de fazer chegar uma máscara ou um pacote de macarrão onde sirva, de elaborar um teste coletivamente para quem está doente e fechado em casa.
FB: Solidarietà senza frontiere – Gruppo di mutuo appoggio
Tradução > Carlo Romani
agência de notícias anarquistas-ana
Sentadas num fio
estão cinco andorinhas
fugidas do frio
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!