Anarquia em Crise
Crise climática, crise bancária, crise política. Hoje enfrentamos um contexto de crise generalizada. É a anarquia a resposta, ou se encontra também em crise? Enfrenta o anarquismo a urgente necessidade de reinventar-se para sobreviver?
No ocidente a crise econômica de 2008 deixou uma geração de jovens frente ao desemprego, a uma crescente desigualdade e a políticas de austeridade destinadas a destruir toda esperança. No Reino Unido, como no resto do ocidente, as sementes deste processo foram plantadas durante os anos 70 e 80 com a crescente precarização sofrida pelos trabalhadores industriais, e o giro a formas mais difusas de governo. Por outro lado, o chamado “sul global” enfrenta uma crise política e climática, produto de décadas de políticas de devastação. Assim, apesar de que na década de 2000 era possível para Uri Gordon sustentar que “nos últimos 10 anos se viu um verdadeiro ressurgimento do anarquismo”, nesta década que começa, anarquistas de todo o mundo enfrentam um clima político marcado pelo populismo, o aumento do neofascismo e por formas extremas de opressão estatal.
A palavra grega Krisis significa decisão, ou ponto decisivo. Implica uma temporalidade quebrada, o momento no qual dois ou mais futuros se tornam possíveis, mas por sua vez se refere ao momento da resolução na qual se escolhe um destes futuros em rechaço de outro(s). Etimologicamente, a palavra crise se vincula à crítica desde a qual novas possibilidades emergem como realidades. O anarquismo sempre ofereceu ambos os significados, tanto em tempos difíceis como de otimismo. Desta maneira, confiantes que nossas fagulhas algum dia começarão um fogo, juntemo-nos e ofereçamos uma resposta anarquista frente ao estado de emergência em que o mundo e a política se encontram.
A 6ª Conferência Internacional da Rede de Estudos Anarquistas (Anarchist Studies Network – ASN) acontecerá na Universidade de Nottingham entre os dias 2 e 4 de setembro. A conferência da ASN aponta para buscar novas formas para abordar os limites do anarquismo acadêmico, e promover o intercâmbio entre diversas disciplinas. O tema central desta versão é Anarquia em Crise. Uma lista de temas sugeridos inclui, mas não se limita aos seguintes tópicos:
• Respostas coletivas ou individuais a situações de crise econômica (luta de classes e sindicatos de trabalhadores, o movimento de ocupação, políticas de cuidado);
• Vivendo em tempos de crise (a guerra na Síria, o ascenso do populismo a nível mundial, Brexit, opressão estatal em Hong Kong e América Latina);
• Imperialismo e crise (colonialismo, eugenia, histórias anarquistas em tempos de crise);
• Crise da mudança climática (perspectivas anarquistas em torno a mudança climática, veganismo, antinaturalismo, incêndios na Austrália);
• Pós-apocalipse (utopias anarquistas, pós-humanismo, trans-humanismo, políticas do futuro, sementes sob a neve, teologias anarquistas);
• Conexões entre experiências pessoais e crise coletiva (solidariedade migrante, feminismo, ativismo queer);
• Respostas teóricas à crise (filosofia em tempos de emergência, capacidades de resposta frente a crise, teoria e prática);
• O fortalecimento do anarquismo hoje (críticas às perspectivas anarquistas, novas direções em teoria, eficácia das respostas anarquistas às crises).
A ASN também acolhe apresentações que não se refiram às principais temáticas da conferência, mas que se relacionem com teorias e práticas anarquistas.
Recebemos trabalhos em todos os idiomas, no entanto, os resumos devem ser em inglês. Estes devem ser enviados à asn.conference.6@gmail.com, e serão recebidos até 15 de maio de 2020.
As dependências da Universidade de Nottingham são acessíveis para cadeiras de rodas e tem circuito fechado de audição. Em caso de perguntas específicas, comentários ou requerimentos, por favor, contate-nos e faremos nosso melhor esforço para solucioná-los.
Tradução > Sol de Abril
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