[Espanha] CNT Andaluzia-Múrcia rejeita o retorno prematuro ao trabalho porque responde à pressão dos empregadores e não a critérios de saúde

CNT Regional Andalucia-Múrcia

A CNT Andalucía-Murcia considera que a decisão coloca a preocupação com os lucros das empresas acima da saúde da população em geral e da classe trabalhadora em particular e exige a extensão das férias reais remuneradas em trabalhos não essenciais, desde que a decisão de retornar ao trabalho não seja acordada sob critérios exclusivamente de saúde, e garantindo as condições necessárias de saúde e segurança no local de trabalho.

Para a CNT Andaluzia-Múrcia, uma renda básica deve ser implementada imediatamente para que ninguém fique sem a renda necessária para poder enfrentar com dignidade a situação atual.

O fato de esta decisão de retornar ao trabalho ter sido tomada sem consultar o comitê de especialistas criado pelo próprio governo, alguns dos quais já expressaram sua rejeição à decisão, mostra que a medida não responde a critérios de saúde, mas a critérios econômicos. Os interesses empresariais estão mais uma vez sendo colocados à frente da vida da classe trabalhadora, cedendo à pressão dos empregadores que, infelizmente, nos lembram todos os dias do que é realmente importante para eles, seus dividendos diante da vida das pessoas.

Com mais de 160 mil pessoas oficialmente infectadas no momento, com mais de 17 mil mortes, 750 mortes por dia da COVID-19, sendo a Espanha o país europeu mais castigado por esta doença e quase um mês de estado de alarme, o retorno às atividades não essenciais parece nos mostrar o medo do governo central e regional das potências econômicas e a falta de empatia pela classe trabalhadora, onde parece que algumas são dispensáveis para salvar a economia.

Para a CNT Andaluzia-Múrcia, é chocante que, por um lado, seja decretado um confinamento tão severo, que está afetando as necessidades básicas do cidadão, enquanto por outro lado muitos trabalhadores são obrigados a prestar serviços em atividades não essenciais, que são dispensáveis na situação atual, forçando-os a utilizar o transporte público ou a ir para locais de trabalho não preparados. Como resultado, o risco de contágio e a propagação da epidemia serão aumentados, levando a uma maior duração das medidas de contenção e seu impacto econômico e social.

Na CNT Andaluzia-Múrcia acreditamos que nem o governo central, nem o governo regional andaluz, nem um grande número de empresas se mostraram capazes de tomar as medidas necessárias para garantir a segurança e a saúde de muitos dos trabalhadores que voltarão ao trabalho na próxima segunda-feira.

O próprio governo ainda não esclareceu o uso generalizado de máscaras, pois parece incapaz até o momento de garantir a disponibilidade destas nas quantidades necessárias para o uso seguro e eficaz, mesmo em setores prioritários como a saúde, o que nos leva a esperar o pior em outros setores se elas retornarem à atividade.

Esta é a mesma incapacidade que demonstram para garantir que as empresas cumpram os protocolos estabelecidos, por mais insuficientes que sejam. Assim, toda a mobilização das forças de segurança do Estado, incluindo o exército, não tem entre suas prioridades o monitoramento das condições de segurança e saúde ocupacional nos locais de trabalho, enquanto é sabido que a Inspeção do Trabalho é completamente carente de recursos para realizar esta tarefa.

Além disso, a impossibilidade de teletrabalho em muitos dos setores que dependem do trabalho manual e presencial e que agora estão voltando à atividade, fará com que seja justamente nesses setores que as situações de risco se acumulem e aumentem as possibilidades de propagação da epidemia, com um impacto direto sobre esses trabalhadores e suas famílias.

Se acrescentarmos que nestes setores existem bolsões significativos de precariedade e, portanto, de indefensabilidade para enfrentar qualquer violação de direitos ou de protocolos de prevenção, torna-se claro quais são as prioridades dos empregadores e de um Governo que cedeu à sua pressão.

Um retorno prematuro ao trabalho em atividades não essenciais é também um ataque aos trabalhadores da saúde, que vêm enfrentando a situação em condições de trabalho muito difíceis, sem os meios necessários para se protegerem e realizarem seu trabalho com garantias, pois podem estar sujeitos a novas situações de colapso sanitário sem que a falta de meios e pessoal tenha sido resolvida.

Para a CNT Andaluzia-Múrcia, esta recuperação prematura da atividade econômica só destaca a inadequação das medidas governamentais para enfrentar a crise social e sanitária desencadeada pela epidemia da COVID-19, e a necessidade de implementar medidas mais contundentes, como as demandadas pela CNT e um grande número de organizações sociais e sindicatos, para a proteção da classe trabalhadora e dos setores sociais mais vulneráveis, a partir da extensão de licenças verdadeiramente remuneradas para todos os trabalhadores de setores não essenciais até o momento em que o retorno ao trabalho seja estabelecido com base em critérios exclusivamente epidemiológicos, garantindo que todas as condições de prevenção e segurança estejam presentes nas empresas, além de proporcionar imediatamente as pessoas uma renda básica que garanta verdadeiramente que ninguém fique sem a renda necessária para enfrentar esta situação com dignidade.

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/cnt-andalucia-murcia-rechaza-la-prematura-vuelta-al-trabajo-por-responder-a-presiones-de-la-patronal-y-no-a-criterios-sanitarios/?fbclid=IwAR1MzcY6EOm_zUTIbmGUeWRmCSxD-mmbtbxTA4yNEryI9ic90R2rC29Oj7k

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

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