Segundo número de “Madrid Cuarentena City”, meados de abril, publicação pela guerra social em tempos de estado de emergência
Para baixar: https://contramadriz.espivblogs.net/files/2020/04/Madrid-cuarentena-city
Neste número você pode encontrar:
• Tudo vai ficar bem.
• Trabalho, produção e consumo. A roda da exploração continua.
• Crônica da guerra social em estado de emergência.
• A solidariedade como uma arma.
• A cidade: um viveiro de doenças e controle social
• Destas lamas aos lodos.
• Chamada para ampliar a okupação: “Okupa a quarentena”.
“Vai ficar tudo bem.
É a história de um homem que cai de um prédio de 50 andares.
Para se acalmar enquanto ele cai no vazio, ele continua dizendo para si mesmo:
“Até agora, tudo bem”.
Até agora, tudo bem.
Até agora, tudo bem…
Mas não é a queda que é importante, é a aterrissagem“.
Como na metáfora do filme francês La Haine (O Ódio), vivemos em um mundo que foi condenado ao desastre. A contínua destruição dos ecossistemas para extrair matéria-prima, a degradação sistemática da crosta terrestre por monoculturas e agroindústria, a expulsão ou aniquilação de espécies, a transformação dos oceanos em montes de estrume, os danos irreversíveis à camada de ozônio… Tudo isso teve um avanço exponencial nos últimos anos. Eles nos levaram a uma transformação mais do que óbvia, para pior, da vida na Terra.
Ao mesmo tempo, temos gerado sociedades que são aniquiladoras dos diferentes, inimigas do risco e da aventura. Perpetuadores de hierarquias e autoridades, escravos de um sistema econômico que coloca o fluxo de mercadorias acima de tudo. O lucro como a única ideologia. Em que o virtual é imposto ao real. A simulação à experiência.
Nas últimas semanas começaram campanhas em lugares como Itália e Espanha pedindo às crianças que desenhem cartazes com a mensagem “tudo vai ficar bem” ou “andrá tutto bene” e depois pendurá-los nas varandas ou prédios públicos. Infelizmente, esta mensagem ilusória e inocente implica complacência com tudo o que foi dito acima, um anseio de retorno a uma realidade autodestrutiva para as pessoas e prejudicial ao nosso meio ambiente.
E temos acompanhado tudo isso com uma auto-incriminação, considerando os indivíduos como agentes culpados responsáveis pela transmissão de um vírus, quando é claro que as doenças não se tornam pandemias pela ação de poucas pessoas, elas precisam de, e desde logo se dão e se davam, uma série de condições infra-estruturais (como superlotação nas grandes cidades, por exemplo), condições ambientais, movimento, etc.
Assumimos, então, os comandos em tom paternalista e patriarcal, para ficarmos em casa para o nosso próprio bem e o dos outros. Mas quando somos proibidos de ir sós ou com as pessoas com quem compartilhamos uma casa, na rua, estamos respondendo a critérios médicos ou de ordem pública?
Enquanto isso, vamos bater palmas nas varandas e pendurar cartazes… Mas talvez não vá dar certo. É até possível que o que quer que façamos não vá bem. As possibilidades de recuperação do planeta são infinitas, mas não quer dizer, no entanto, que neste ressurgimento das cinzas possamos continuar a existir como espécie. Mas não vamos negar a nós mesmos o prazer de desfrutar desta viagem, mesmo que seja a última. Vamos confrontar, lutar, experimentar, imaginar… Apontar e acertar os e as responsáveis por essa realidade e afastar as nossas práticas da sua perpetuação.
Outro mundo é possível, dizem os clássicos slogans esquerdistas, outro fim do mundo é possível, é o slogan que não temos escolha a não ser adotar, e o fazemos com paixão. Muitos e muitas sem esperança, mas com a chama nos olhos de quando você está tão perto que você pode olhar para o abismo.
Tradução > Liberto
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agência de notícias anarquistas-ana
Borboleta!
O que sonhas, assim,
mexendo suas asas?
Chiyo-jo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!