A instituição, com seu acervo único sobre maçonaria e anarquismo, completa 125 anos
Por Santiago Tarín | 30/03/2020
Por trás de uma sala de leitura de madeira guarda em suas estantes uns fundos únicos, relacionados sobretudo com a maçonaria e os movimentos obreiros e anarquistas. A instituição é a biblioteca Arús e completa agora 125 anos, e apesar dos avatares da história e da perseguição da maçonaria pelo franquismo, pode conservar seu patrimônio documental e inclusive incrementá-lo, como por exemplo com o arquivo do que foi prefeito de Madrid, Enrique Tierno Galván.
Situada no passeio de Sant Joan 26, a entrada não faz pressagiar o que se descobre ao final da escadaria de acesso. O primeiro com o que se topa é a estátua de bronze da Liberdade, obra do escultor Fuxà e que durante um tempo esteve exposta nos locais de La Vanguardia, quando esta se encontrava na ruas das Heures. Todo o imóvel era propriedade de Rossend Arús (1844-1891), membro de uma família de comerciantes com a América que pôs a gestionar sua empresa a um sócio enquanto ele se dedicava à escrita, ao jornalismo e o fomento da cultura. Foi um prolífico autor teatral que assinou 53 obras, embora só tenha estreado 14 e só uma com certo êxito, chamada Nuevo Tenorio. Politicamente ativo no federalismo e no catalanismo, foi um personagem relevante na maçonaria. Em seu testamento, legava sua casa do Eixample para que se sediasse a biblioteca que levaria seu nome, que será “perpetuamente propriedade do povo de Barcelona”. Para isso se constituiria um patronato, presidido sempre pelo prefeito.
A intenção de seu fundador era dotar seu legado de todo o saber da época, em especial o relativo ao humanismo e a ciência, mas é evidente que devido a atividade de Arús reuniu um importante acervo sobre a maçonaria. Isto não deixava de ser uma peculiaridade até o final da Guerra Civil, pois o franquismo perseguiu esta atividade. A biblioteca estava fechada desde 1938, mas em 14 de junho de 1940 o prefeito recebeu uma notificação de “Negociado Antimasónico”, no qual se expressava que tinham conhecimento de que ali havia livros, boletins e registros da maçonaria, pelo qual “em benefício da Pátria e em benefício da repressão” esta exigia que se entregassem. No entanto, o prefeito acidental, Bonet Rivas, fez ouvidos moucos, e ali ficaram. Até hoje.
A biblioteca foi inaugurada em 25 de março de 1895. Arús deixou nela 4.000 volumes, aos quais se uniriam os 20.000 de um de seus testamentos, Valentí Almirall. Com os anos se foi incrementando o acervo até chegar aos 80.000, com especial incidência nos livros e documentos que analisam o movimento obreiro nos séculos XIX e XX e o anarquismo. Por exemplo, recebeu um importante acervo procedente de uma biblioteca privada sobre esta matéria e também foram depositados aqui o arquivo e a biblioteca do relevante escritor, editor e militante anarquista Sinesio Baudilio García Fernández, conhecido como Diego Abad de Santillán. Esta soma de compêndios convertem Arús em uma referência nesta matéria, junto com o arquivo de Amsterdam, na Holanda.
Após a Guerra Civil, permaneceu fechada e tão só se podiam consultar seu acervo mediante petição ao Consistorio. Em 1967, durante o mandato do prefeito Porcioles, reabriu suas portas, para cumprir o desejo de Rossend Arús e deixar os livros ao povo de Barcelona.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
ao vento de outono
a sineta de ferro
subitamente toca!
Dakotsu
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!