Dia 32 – Rolê pelo bairro, Kasai, comida coletiva, futebol e o lago
Sei que os emails tão ficando enormes e a maior parte não vai lê-los, mas se eu encurtasse ia parecer descrição de novela: “Mandioca e Allan jogam futebol. Erica está no trabalho. Leo e Marcela aparecem. Eles decidem se casar. Allan fica com ciúmes. No Brasil, Marina fala com Carol sobre Allan. Mandioca sai com Kasai para passear e desaparece. Erica chega do trabalho e não encontra Kasai. Ela e Allan vão procurar Kasai e Mandioca. A polícia chega com notícias. Jonathan conta para Leo que ele na verdade é irmão de Marcela. Todos choram.”
Então, continuarei escrevendo longo e lê quem quer. Acordamos – depois de dormir cerca de 12h – com a Lou rindo, risada gostosa de criança. Ela olha pra mim e ri, me abraça, tá muito feliz de ter “brasileiros” por perto, pois seu avô é brasileiro e ela quer porque quer conhecer o Brasil. Criança é muito bom. Trocamos uma idéia com Jonathan e ele quer ir ao Ceagesp-Lausanne ver se tem comida na chepa. A Erica deixou um bilhete pedindo pra Allan e eu cuidarmos do Kasai, então fomos os quatro de carro procurar comida. Chegamos lá e dessa vez tinha, levamos cenouras, batatas, tomates, berinjelas e até três brócolis lindos que não sei porque estavam pra jogar fora. Conversamos com Jonathan e ele falou do tempo que passou no Brasil, sobre como as pessoas lá tão sempre buscando contato e como isso é bem diferente daqui, que ele gosta de lá mas que também gosta de seus momentos de solidão, e vivendo em Alagoas, próximo a Maceió, ele não tinha muito.
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Dia 31 – Estamos muito preguiçosos em Lausanne
Adivinha o que fizemos hoje ao acordar? Internet, de novo. Sem resposta das caronas, falei com a minha mãe no Skype. Tudo bem com a Lu, ela não se lembra do que aconteceu, mas fez exames neurológicos por 5h e não acharam nada. Já tá trabalhando de novo. Saudades dela, em outubro ela vai pro Brasil. Pensei agora aqui que eu já escrevi “saudades” nesse diário umas cinco mil vezes. Quando a gente fica sem carinho humano mais próximo fica mais carente. OK, chega de breguice. Mas que todo dia eu sinto saudades da Pretinha, ah, isso sinto.
Comemos um doce vietnamita bizarro e a Erica reapareceu. Tava tudo meio calmo, mas depois dela chegar parecia que tavam rolando umas discussões, nada muito sério. Eu tava meio cochilando quando ela chegou – em Lausanne a gente tá mega preguiçoso – e quando vi ela arrumando as coisas dela em caixas achei que tinha rolado uma briga, mas nem: ela ia mudar pro squat onde a gente tá, mas isso já era planejado. Erica tá super envolvida com o rolê das ocupações, dá vontade de voltar e fazer o mesmo. Só que no Brasil tem polícia militar, então fica mais complicado. O lance é seguir apoiando e colar mais nas ocupas do movimento sem-teto, na minha opinião bem mais significativas do que as ocupas punk. Não pagar aluguel por uma recusa ideológica é lindo e fortalecedor, mas não ter onde morar e arranjar coragem de enfrentar uma estrutura de poder mega-opressora, violenta e genocida em nome desse direito são outros quinhentos.
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Dia 30 – Futebol adiado, CIRA e o 5° mundo
Acordei cedo até, umas 9h. Como o Allan tava capotado fiquei escrevendo parte dos dias que faltavam da viagem. Lá pelo meio dia ele levantou, e o Jonathan veio nos convidar pra almoçar e nos doar a grana arrecadada pra cerveja no dia anterior. Acho que enfatizamos bem as dificuldades financeiras da Mafalda. Não era muito, 43 francos suíços, mas valeu, tá ótimo, muito foda da parte deles! Tomamos um banho e fomos sentar com eles, que almoçavam todos juntos no quintal. Faz falta ter uns almoços coletivos desses em SP.
Depois da comida, os caras do squat foram ensaiar com o grupo de hip-hop deles, no porão do próprio squat. Descemos pra dar uma olhada e o espaço e o som é muito louco, com teclados, computadores e sintetizadores. Tiram um som animal, pena que perdemos em St. Imier. Julia e Lu saíram e nós decidimos ir até a casa de Leo e Erica, lavar nossa roupa. O pessoal do squat nos explicou sobre o ônibus e fez um mapinha explicando onde descer, e saímos.
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!