Responsavelmente declaramos que somos irresponsáveis
Nos movemos insubordinados
Não vamos deixar a luta para mais tarde
Então vamos brincar
A noite cai na metrópole.
Os papéis foram consolidados, à medida que a conjuntura de quarentena cria uma nova rotina, tendo passado um longo período.
Uma rotina que é controlada e simultaneamente nos controla.
Os cidadãos estão fechados dentro de suas casas, eles ligam suas TVs para a programação da noite. A questão é se eles alguma vez as desligaram por um dia inteiro. Alguns deles, lembrando os dias gloriosos de sua “liberdade”, assumem uma posição combativa em suas varandas; Eles são os protetores da iniciativa, que verificam quem se movimenta e quem não. Eles não apenas olham, eles alimentam a sede por controle e fiscalização policial de seus bairros. Delatores, cidadãos responsáveis, bons donos de casa, apoiadores da junta militar, machos alfa; eles exalam o cheiro repugnante por toda a cidade, que está vazia de pessoas e cheia de policiais.
E claro, os policiais experimentam mais uma vez o papel de protagonista. Dispersados pelas ruas, vagando como figuras imponentes, eles dominam os bairros e orgulhosamente controlam as pessoas. Às vezes, eles nem mesmo precisam fazer isso, porque eles sentem prazer com os olhares ansiosos e os passos apressados dos pedestres, mesmo que não parem alguns deles.
A rotina imposta de confinamento que experimentamos há mais de um mês, gerou sentimentos sem precedentes para nós. Coisas que até agora eram consideradas distópicas (relatórios de movimentação, controle do campo social em termos militarizados, policiais nas ruas, drones…), agora são simplesmente realidade, e outras coisas (como protestos, cartazes, reuniões) estão sendo criminalizadas.
Nosso ódio à autoridade e ao complexo de poder em que sobrevivemos não foi interrompido. Precisamos inventar novas práticas, tanto para alcançar as coisas óbvias da pré-quarentena, quanto para continuar causando feridas abertas e rachaduras nas atuais. Tentamos, estando próximos um do outro, não sermos tomados pelo medo, de onde quer que ele venha. Encontramos alvos para atacar, para não morrer de tédio ou na frente de uma tela, e simultaneamente, provocar sorrisos cúmplices clandestinos em nossos camaradas.
E quando tudo isso acaba?
Provavelmente quando for definido por aqueles que controlam o jogo da lei.
Quando isso é descumprido?
Quando algumas pessoas escolhem ter algo inflamável com eles durante uma caminhada sem propósito.
Um incêndio pode perturbar as regras, perturbar aqueles que as fazem, porque aparentemente alguns indivíduos não pretendem obedecer nem se submeter. E talvez esse fogo seja o elemento de cura que pode ser canalizado pelas ruas da cidade fantasma, e através dos olhos das pessoas sombrias e quase sem vida que a compõem.
Na sexta-feira, 10 de abril, ateamos fogo a dois veículos do ELTA (Posto Helênico), na rua Papanastasiou, em frente ao hospital Ippokratio.
Na quarta-feira, 15 de abril, colocamos um dispositivo incendiário em um veículo de uma empresa de segurança na região de Sikies.
Enviamos um sinal de solidariedade a todos que, mesmo que estejam encarcerados e afetados diretamente pelo Estado de exceção, continuam tendo uma posição decente e combativa.
Nossas saudações incendiárias a todos os migrantes que se revoltam dentro dos centros de detenção, a todos os prisioneiros dentro desses infernos gregos, que passam por transferências vingativas ou investigações repressivas em suas celas pela escória da polícia grega.
Com felicidade e prazer transbordando de nossos olhos, declaramos que nada irá permanecer sem resposta, voltaremos armados com mais raiva, sendo mais furiosos e perigosos.
De Korinthos à Malandrino, Tebas, Domokos, e de Paranesti à Corfu, Koridalos, Chania e Grevena: FOGO E CHAMAS EM TODA CELA / JAULA.
RAIVA E CONSCIÊNCIA, NEGAÇÃO E VIOLÊNCIA, VAMOS ESPALHAR CAOS E ANARQUIA
Constantly Fluid Union
Tradução > Brulego
agência de notícias anarquistas-ana
Ruídos dos carros,
os escuto pela mesma orelha
que os pássaros.
Robert Melançon
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!