Por Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira | 12/05/2020
Pelas mídias sociais circulam, agora, chamados de militantes políticos de esquerda para que xs anarquistas se unam a elxs nos confrontos de rua com os “grupos de choque” direitistas que parecem tender a ficar mais frequentes ultimamente. Eis minha resposta a estes chamados:
Acho que a esquerda tem forças suficientes – e muito mais do que nós àcratas, certamente – para fazer essas brigas de rua contra essxs “inimigxs de ocasião”.
E digo, “de ocasião” porque, lembremos, na lógica política da luta pelo poder que todxs elxs seguem, não há questão de princípios, mas de “pragmatismo”: assim x “inimigx” de hoje poderá ser x aliadx de amanhã – basta lembrar que o PT mantinha vínculos com o narcotráfico das FARCS, que o PCdoB mantém vínculos com gangues de torcidas organizadas e que o PSTU mantém vínculos com o movimento skinhead. Se todas estas não são expressões variadas de fascismo, então, o termo fica limitado aos usos da conveniência do momento.
Então, para que nos prestarmos, mais uma vez, ao papel de “buchas de canhão” da esquerda, dando a cara pra bater para suxs inimigxs de ocasião de hoje, favorecendo assim a retomada do espaço político pela esquerda que, logo após se favorecer disto e retomar o poder político central, provavelmente fará acordos com a direita para “perdoá-la”, e juntos voltarão suas forças contra xs anarquistas, como aconteceu em todos os processos pós ditaduras de direita ao redor do mundo?
Façamos como xs anarcopunks sempre fizeram: nos preparemos enquanto grupos para possíveis enfrentamentos públicos com grupos “de choque” de direita e/ou de esquerda, mas não assumamos o ônus de sairmos deliberadamente para o confronto das “vias de fato” que, neste momento, se concentra majoritariamente sobre a luta pelo poder entre direita e esquerda.
Aliás, nos anos oitenta e noventa, quando xs anarcopunks faziam campanhas e até confrontos de rua contra o que àquele momento ainda era apenas um esforço para o reerguimento do fascismo, as organizações de esquerda, muito ao contrário do que aparentemente deveriam ter feito, fizeram “vistas grossas” a essa luta, estigmatizaram como “imaturidade”, e até se aproximaram e se associaram aos skinheads: então, de certo modo, o que elxs estão colhendo agora é o que contribuíram para plantar (ou o que vingou pelo que não plantaram).
Que assumam agora o ônus maior pelos resultados das suas (in)ações de ontem!
PS: Xs revolucionárixs da Ucrânia e os marinheiros do Kronstadt devem estar se revolvendo nos túmulos: logo xs trotskistas, cujo “santo” Trotsky chefiava o Exército Vermelho quando armaram o bombardeamento contra o Kronstadt e a grande traição à Makhnovitchna.
agência de notícias anarquistas-ana
silêncio de folhas
bananeira secando
à beira da estrada
Alice Ruiz
“basta lembrar que o PT mantinha vínculos com o narcotráfico das FARCS, que o PCdoB mantém vínculos com gangues de torcidas organizadas e que o PSTU mantém vínculos com o movimento skinhead”
Cadê as fontes?
Concordo com a proposta inicial, não devemos nos aliar ao setor burocratizado da esquerda, ok. Somos autônomos, eles são autoritários e é isso. Agora, será que essa sua apelação é necessária? Qual a ligação do PT com as FARC? …
Eu vivi o anarcopunk num momento em que haviam grandes mobilizações em SP e no RJ. Mas perdemos na nossa guerra contra o autoritarismo nos tornando inclusive autoritários. Não faz muito tempo vimos inúmeras denuncias de agreções e estupros dentro de ocupações onde viviamos. Acordava-se pensando em bater nos outros e deixava-se de dormir fazendo o mesmo. Acho que o ganguismo acabou com o movimento anarcopunk e acho que é hora de superar isso.
Acho que os meios são os fins, e não acho que os fins justificam os meios, se entramos nessa guerra de informação com meias verdades como essas entramos desarmados. E a guerra física, nas ruas mudou o foco, se antes eram grupelhos de skins e torcidas, hoje são 33% da população. Não dá pra continuar a “guerrilha” a estratégia precisa mudar. Mais seriedade nas próximas postagens. Salud!