Por Mumia Abu-Jamal | 30/05/2020
A furiosa luta por justiça para o falecido Eric Garner se realizou durante anos – longos e difíceis anos — por sua família e amigos antes de conseguir algo trivial: a demissão do policial que o asfixiou até morrer, sem que acusassem o policial de crime algum.
O nome Eric Garner se tornou um slogan pelo estado da América Negra durante décadas, se não séculos, no qual as pessoas apenas podem respirar ar fresco.
A gravação por telefone celular do assassinato policial de George Floyd nas ruas de Minneapolis, Minnesota, por um policial corpulento que pressionou seu joelho no pescoço de Floyd é um eco inquietante das palavras de Garner faz mais de cinco anos: NÃO POSSO RESPIRAR.
Floyd, com sua respiração ofegante, grita pela pessoa que lhe deu a vida – sua mãe.
Em poucos minutos, Floyd se vai.
Eric Garner foi abordado por um esquadrão de policiais depois de que um comerciante se queixou de que Eric estava vendendo “loosies”, ou cigarros soltos.
Floyd foi abordado por vários policiais depois de que um comerciante disse que ele tinha lhe passado uma nota falsa de $20 dólares.
Pensem. Dois homens. Dois pais estrangulados até morrerem devido a queixas de comerciantes sobre cigarros soltos e uma nota de $20 dólares supostamente falsa.
Isto nos fala da maneira em que a mercadoria é mais importante que a vida dos Negros em uma sociedade capitalista.
George Floyd se uniu ao coletivo ao qual nunca quis se unir e talvez nunca esperava unir-se: A Lista dos Mortos, determinada pelo Estado e um sistema de repressão.
A vida negra importa? Ainda não.
Desde a nação encarcerada, sou Mumia Abu-Jamal.
Tradução > Sol de Abril
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