Há algo muito complicado sobre o assassinato de George Floyd pelo policial criminoso Dereck Chauvin.
O que é angustiante sobre o crime de Floyd é que ele foi morto na frente de um número de pessoas que só se limitaram a gravar com os seus celulares enquanto o crime era cometido.
Na gravação, podemos ver que o FLOYD está no CHÃO, RENDIDO, REDUZIDO PELO CORPO DE UM HOMEM BRANCO ARMADO NO UNIFORME DA SUA POLÍCIA.
FLOYD SANGRA, SE AFOGA E O DIZ, não só para o policial, mas também para aqueles que estão fazendo parte da cena e que foram apenas testemunhas passivas.
É assustador pensar que aqueles que gravaram o crime sentem que ajudaram Floyd apenas por registrar como ele foi morto.
É assustador pensar que eles estão convencidos de que fizeram algo para evitar o que finalmente aconteceu.
É aterrador saber que centenas de milhares em todo o planeta pensam que estão engajados em resistência ativa só porque postam infinitamente o vídeo de uma pessoa negra sendo morta em tempo real sem que ninguém faça nada além de gravar e dizer ao policial para parar de sufocá-lo.
George Floyd esperava que aqueles que registraram seu assassinato fizessem mais do que registrar, por exemplo, para tirá-lo do policial? É mais ou menos claro que o asiático que acompanha o maldito homem branco não representava uma ameaça real para alguém determinado a colocar em perigo sua própria segurança para defender a vida de outro.
Os problemas são, então:
1- as algemas que nos foram colocadas para que temamos os homens cuja arma principal é o uniforme e o que ele representa no simbólico e no real, ou seja, a intimidação contra nós feita por aqueles que administram a fase mais avançada da ditadura da comunidade de mercadorias através da imagem.
2- o medo infinito que eles têm de morrer ou perder sua “liberdade”, e que os leva a tirar automaticamente um celular para registrar a agressão que é exercida sobre outro em vez de realizar uma resistência ativa, real e concreta para lutar com e pelo outro.
3- o processo perverso e profundamente covarde que os leva a acreditar que estão exercendo e fazendo parte de uma resistência ativa a partir do momento em que registram a violência exercida contra uma alteridade e sua difusão ad eternum através das “redes sociais”.
Este último processo implica o que para nós são a quarta e quinta fases da sociedade do espetáculo: “a produção do ser em pertencer” e “a produção do ser em participar”.
Chamamos isso de HOLOGRAMA.
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!