Assassinato de Giovanni e protestos em Guadalajara (4 de junho)
Somando-se ao clima internacional causado não só pela pandemia, mas também por uma crise sistemática e civilizadora que usa a Covid-19 como pretexto para intensificar o domínio social, e apenas algumas semanas após o choque das revoltas americanas causadas pelo assassinato do afro-americano George Floyd nas mãos da polícia supremacista, um dos muitos casos de violência policial a que estamos acostumados no México está se espalhando através das redes sociais. Este é um vídeo que mostra a prisão de Giovanni Lopez, pedreiro que foi espancado e morto pela polícia enquanto estava sentado na rua sem usar máscara, no município de Ixtlahuacan de los Membrillos, em Jalisco, no dia 4 de maio de 2020. Na quinta-feira, 4 de junho, o centro de Guadalajara se tornou palco de um protesto ardente que terminou com dois carros-patrulha em chamas, pixos nas paredes e destruição de propriedade do governo. A polícia atacou as multidões com gás lacrimogêneo e o dia terminou com mais de vinte detenções. A opinião pública ficou indignada quando um dos manifestantes cobriu de gasolina um policial motorizado e ateou fogo com um isqueiro.
É preciso esclarecer que o governo de Jalisco decidiu optar por medidas policiais e administrativas contra a população sob o pretexto de cuidar dos cidadãos, o que contribui para um clima de militarização camuflada como uma otimização das forças policiais em todo o país.
Destroços na Cidade do México (5 de junho)
Na sexta-feira, 5 de junho, os protestos são replicados na Cidade do México com um chamado em defesa do movimento antifascista contra sua designação como “grupo terrorista” nos Estados Unidos e em resposta ao assassinato de George Floyd em Minneapolis e Giovanni Lopez em Jalisco. O chamado convocou protestos fora da embaixada dos EUA, onde anarquistas e antifascistas se reuniram de forma combativa, saqueando, atacando com martelos, pedras, bombinhas incendiárias e bombas Molotov, bancos e escritórios governamentais, propriedades públicas e estações de metrô, e confrontando diretamente a polícia e repelindo a imprensa, deixando sua marca caótica ao longo da Avenida Reforma. As redes sociais espalharam uma surra sofrida por uma companheira, que foi internada em um hospital, mas não detida.
Segundo dia de protestos em Guadalajara (5 de junho)
Mais uma vez em Guadalajara, em 5 de junho, foram realizadas três marchas para exigir justiça para o caso de Giovanni em diferentes partes da cidade: o Palácio do Governo, a Casa de Jalisco e o Ministério Público do Estado, localizado na Rua 14. Policiais à paisana se dão a conhecer através de pontos vermelhos. Outros relatos afirmam que caminhões de transporte público foram parados por policiais que prenderam qualquer um que parecesse um manifestante. Há também relatos de ataques a patrulhas, pixos e bloqueios.
As ações se estendem à Veracruz e a mais mortes pela polícia (5 de junho)
Entre todo esse animado cenário, outro caso de brutalidade policial começa a circular pelas redes sociais, desta vez em Xalapa, Veracruz, onde um conhecido serigrafista da comunidade hip-hop Carlos Andrés Navarro, apelido de “El Area” é preso e espancado até a morte nas áreas de isolamento da delegacia. É lançado um vídeo mostrando Carlos Andrés sendo encurralado pela polícia, enquanto gritam “Socorro, eles querem me sequestrar!”
No início da manhã de 5 de junho, um grupo de desconhecidos saiu para montar uma barricada incendiária do lado de fora da casa onde há cinco anos, em 5 de junho de 2015, foram agredidos por um grupo de para-policiais, um grupo de ativistas estudantis, entre os quais uma policial infiltrada que foi a única que saiu ilesa. Uma lona foi pendurada sobre a casa com slogans que vingavam George Floyd, Giovanni Lopez, Oliver e Andres Navarro. Com slogans contra o racismo e um FUCK THE POLICE.
Também em San Luis Potosi atearam fogo (5 de junho)
Convocada uma marcha em San Luis Potosi, a mobilização começou na Praça de Armas e foi para o Congresso de Potosi, que foi alvo de motins e vandalismo por parte do contingente. A sigla ACAB (All Cops Are Bastards) foi exibida nas paredes tanto do Congresso quanto do Ministério Público, onde uma patrulha da polícia municipal de Soledad foi incendiada. Há relatos de prisões.
Nos Estados Unidos, México, Chile, Indonésia, Itália, Grécia, França e em qualquer canto do mundo o inimigo é o mesmo: O Estado/Capital!
Fogo na Polícia!
Contra a ascensão do racismo, do fascismo, do conservadorismo, do sexismo, dos feminicídios e de toda autoridade!
Organize-se, ponha seu capuz e ataque!
Parem a militarização de nossas vidas, abaixo a pandemia da ditadura global!
Não deixe que apaguem nossa raiva!
Nós não queremos procissões ou carnavais, queremos revoltas selvagens!
Que se ilumine a noite!
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Rogério Martins
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!