[EUA] Sobre a Liderança Negra e Outros Mitos Brancos

O seguinte editorial vem de um grupo de afinidade negra e critica o conceito de “liderança negra” e como este se conecta com as abordagens liberais e reformistas.

O que eles chamam de “liderança negra” não existe. Vamos ser sérios: o que eles estão  se referindo não é nada mais do que uma invenção da imaginação liberal branca. Ou seja, se estes chamados líderes negros sequer existem, então eles só podem ser encontrados sacudindo a cabeça de uma pessoa branca “woke”.

Não é interessante como os brancos progressistas parecem ter uma linha direta de comunicação com os líderes negros, enquanto todas as outras pessoas nas ruas não conseguem sofrer da mesma esquizofrenia delirante? O mais estranho é que as vozes que ouvem desses negros mágicos conseguem sempre dizer as mesmas coisas: “Todos devem protestar pacificamente na calçada, porque a raiva negra sem mediação deixa outras pessoas desconfortáveis”. “Não retaliem contra esse policial, mesmo que ele queira matar você e a todos os teus entes queridos”. “Eu sei que o gerente segue jovens negros de um corredor para o outro, mas ainda assim, a sua loja não deve ser saqueada”. Por outras palavras, a mensagem transmitida pelos sons repetidos na cabeça de um liberal branco é acabar com a revolta negra e conduzir a desobediência civil de uma maneira apropriada para Karen e Ethan, não para Jamal e Keisha.

Vale a pena notar que os próprios negros nunca se referem a nenhuma liderança negra mítica. Isto porque sabemos, muito bem, que todos os nossos líderes, desde Martin e Malcolm, foram mortos. Até os nossos potenciais líderes, como Trayvon e Tamir, são mortos a tiro antes de poderem compartilhar conosco a sua visão. Além disso, se não são brutalmente assassinados, ficam presos para sempre como Sundiata, Mutulu e Mumia. Ou seja, sabemos que falando a verdade e opondo-se à opressão, a única maneira de evitar sermos baleados por um bastardo ou sermos presos, que são o atual chicote ou plantação dos brancos, é fugir como fez Assata Olugbala Shakur! Na verdade, qualquer pessoa negra que diga o contrário deve ser exposta ao que é: um proxeneta da pobreza!

Após meio século sem uma figura na frente, os jovens negros mostraram a todo o país que são mais do que capazes de seguir o seu próprio caminho e direcionar as suas próprias iniciativas. Demonstraram-nos um dinamismo que nunca poderá ser reduzido a uma massa homogênea a seguir uma qualquer voz autoritária. Paradoxalmente, é todo o espectro da revolta negra nas ruas que pode ser identificado como “líderes” sem líder, já que mostraram a todos os outros o que significa libertar-se.

Parafraseando a observação ainda apropriada de James Baldwin, nós, negros, estamos mais conscientes do funcionamento interno dos nossos antagonistas de rosto pálido do que eles mesmos. Consequentemente, o diagnóstico da condição psicológica dos brancos “woke” é bastante simples: este James Earl Jones, Carl Winslow ou Rafiki da voz do rei leão, que grita nas paredes do crânio, é um mecanismo de defesa contra a sua incapacidade de reprimir completamente o seu próprio complexo de superioridade branca. O que também é bastante claro é que a única maneira de resolver completamente este problema é ganhar mesmo até uma pequena percentagem da coragem de um adolescente negro e superar sua culpa branca com um punho, uma pedra e um coquetel molotov.

Coletivo We Still Outside

P.S.: Fuck 12!

Fonte: https://itsgoingdown.org/on-the-black-leadership-and-other-white-myths/

Tradução > Ananás

agência de notícias anarquistas-ana

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Alexandre Brito