As marchas e manifestações contra a violência policial e o racismo ao redor do mundo são uma excelente notícia para nós, anarquistas. Estamos fazendo nossa parte e estaremos sempre ao lado de lutas que abrem caminho para as pessoas e um mundo livre dos horrores do passado.
Estamos gostando de ver o dedo sendo apontado para as forças policiais, o pilar repressivo dos Estados.
A polícia francesa não é exceção: sempre seguiram ordens, desde Vichy até o massacre de Charonne, desde prisões simples até a expulsão de refugiados, desde a repressão cega até ao assédio de certas populações. A polícia, longe de “proteger os cidadãos”, como afirma um mito republicano e estatal, infelizmente muito difundido, tem apenas uma função essencial: proteger o Estado, as instituições, as mercadorias, o valor, o capitalismo.
A recente infiltração da extrema direita nas fileiras da polícia ou “maus diretores” são claramente razões insuficientes para a brutalidade policial. Independentemente de sua cor política ou da natureza do regime que sustenta, a polícia é, estrutural e historicamente, a principal ferramenta do ódio e da violência do Estado; em poucas palavras: o braço armado do Estado, garantia e proteção de uma ordem social, econômica e política profundamente autoritária e desigual.
Portanto, sim, é apropriado denunciar os assassinatos e o poder excessivo da polícia francesa. Compartilhamos amplamente a espera das famílias das vítimas, seja a de Adama Traoré, Zineb Redoune ou Rémy Fraisse e muitas outras, uma lista tristemente longa demais para ser reproduzida aqui em extenso. A justiça deve ser exigida.
Mas para nós, anarquistas, não podemos parar por aí. O racismo é resultante de uma construção. Sempre foi usado pelos Estados, Religiões e Tradições para reforçar o poder de alguns em detrimento de muitos. A construção do mundo entre “eles” e “nós” não é nova, é a base de todos os identitarismos fechados que proíbem os indivíduos de se misturarem com os outros, de serem eles mesmos e de existirem sem impedimentos.
Não haverá abolição do racismo sem a destruição das fronteiras. Nenhuma mudança pode acontecer se não nos vemos como uma humanidade com liberdades iguais para todos. Este internacionalismo assusta os burgueses, que construíram seu poder em grande parte diante do medo do outro, do desconhecido, do “diferente de nós”.
O capitalismo, além disso, faz amplo uso desses medos para colocar grupos de trabalhadores uns contra os outros. Mas não sonhemos: a abolição do capitalismo não será suficiente para destruir o racismo e o medo. Podemos começar a fazê-lo agora mesmo, sem esperar, deixando de aceitar os clichês e estereótipos que as pessoas tentam colocar em nossas cabeças, vendo o outro como um igual, recusando a instrumentalização das diferenças físicas. Preferindo a mistura à pureza.
Devemos também olhar a história de frente, enfrentá-la e estudá-la coletivamente, a fim de melhor destruir as escórias que permanecem em nosso tempo. Lamentar [a destruição de] uma estátua sem compreender o que ela representa mostra uma falta de conhecimento dos horrores do passado.
A urgência é a justiça, o futuro de uma sociedade completamente repensada.
Relações exteriores da Federação Anarquista
Tradução > Estrela
agência de notícias anarquistas-ana
o gelo é amargo
Para o rato que no esgoto
Aplaca a sua sede.
Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!