Precisamos lutar para abolir o capitalismo e o Estado e ter uma mudança sistemática fundamental para estar no controle coletivo de nossas próprias vidas
Depois de muitas noites de manifestações e revoltas na América devido ao assassinato de George Floyd, o presidente Trump, de um bunker na Casa Branca, anunciou que designaria “Antifa” como organização terrorista. Trump procura enquadrar um movimento espontâneo e múltiplo como organização, não apenas atribuindo-lhe uma ideologia, mas também uma funcionalidade hierárquica e em consonância com a lógica do Estado.
Mais uma vez, o terrorismo é usado como álibi para a criminalização de amplos setores de nossa luta coletiva, que ao mesmo tempo excedem completamente o “antifascismo”. Mas, além de denunciar e lutar contra o avanço repressivo que isso significa, é necessário rejeitar a polarização que se busca introduzir no coração da luta.
Também aqui no Reino Unido, as pessoas estão de pé e ajoelhadas em solidariedade com manifestantes na América.
Houveram protestos do Black Lives Matter contra o racismo em todo o Reino Unido (e globalmente), não apenas os massivos no centro de muitas grandes cidades, mas muitas centenas de protestos localizados, envolvendo centenas de milhares de pessoas. Somente em Haringey, nas últimas semanas, residentes e ativistas pretos e brancos realizaram mais de 25 protestos, que vão desde reuniões coletivas nas ruas locais até vários eventos BLM maiores em parques que atraem centenas de pessoas, e mesmo uma caminhada contra o racismo com 2.000 crianças organizada pelos pais. Esse enorme aumento de raiva e solidariedade está expondo e exigindo um fim ao racismo institucional generalizado e forçando as autoridades à defensiva em todos os lugares.
Porém, no Reino Unido, as classes trabalhadoras e as comunidades BAME sofrem há anos sob austeridade, brutalidade policial, discriminação, desigualdade, falta de moradia, cortes e suspensões de benefícios e muito mais. Tudo isso aumenta a diferença entre ricos e pobres. As pessoas mais pobres não devem mais tolerar isso. Precisamos de algumas mudanças sérias – e precisamos mais do que apenas demonstrações, com as quais o Estado possa lidar facilmente. Da mesma forma, petições, lobby e parlamentares debatendo racismo não mudaram nada. Por conta disso, as pessoas não têm escolha a não ser tomar a situação nas próprias mãos e provocar mudanças através de coisas como, entre outras, ações diretas. Nós, do HSG (Haringey Solidarity Group), apoiamos e oferecemos nossa solidariedade às pessoas no Reino Unido que usam a ação direta e a democracia direta como formas de resolver todos os nossos problemas, em vez de depender de partidos políticos e do fracassado sistema parlamentar burocrático.
Enquanto os reformistas defendem as urnas e os liberais têm seu lobby e suas cartas, os burocratas afirmam trabalhar através dos “canais apropriados” e os esquerdistas têm seus partidos de vanguarda – nós, como anarquistas, libertários, socialistas radicais, sempre apoiamos a ação direta como maneira de trazer mudanças.
Ação direta, por exemplo, como a derrubada da estátua odiada em Bristol. Houve uma campanha que durante anos tentou de maneiras pacíficas e “estabelecidas” remover a estátua – todas sem efeito. Ao usar a ação direta, as imagens se tornaram virais em todo o mundo e agora a remoção de “heróis” racistas está acontecendo em todo o mundo. Se o Estado realmente nos escutasse e se importasse com o que estava sendo dito, essas estátuas teriam sido removidas anos atrás. Não o fizeram, então as pessoas decidiram tomar as coisas em suas próprias mãos.
Isso mostra que não precisamos implorar ao Estado por nossos direitos, mas, se organizando juntos, sem depender do Estado, podemos reconhecer e resolver nossos problemas aqui e agora.
A ação direta é o meio de criar uma nova consciência, um meio de auto-liberação das correntes colocadas em torno de nossas mentes, emoções e espíritos pela hierarquia e opressão.
Tradução > A. Padalecki
agência de notícias anarquistas-ana
Cabelos tão brancos:
ancinho que raspa a terra,
colheita de anos.
Alckmar Luiz dos Santos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!