Os Estados têm se mostrado incompetentes e prejudiciais ao lidar com pandemias como a Covid-19, agravando a crise, causando mais mortes, doenças, fome e uma catástrofe econômica só comparável ao colapso que causaram em 1929. Isto ocorre principalmente porque:
1) O tamanho desumanizado e a burocracia dos Estados os impedem de resolver adequadamente as necessidades da população porque as pessoas são transformadas em meros dados de estatísticas vazias. Onde o Estado não o impediu, os municípios e as organizações comunitárias responderam mais rapidamente e de forma mais focalizada e eficiente à pandemia, pois são eles que conhecem melhor nossas necessidades e que já possuem as melhores redes e capacidades.
2) Todos os Estados manipularam, em maior ou menor grau, os números de infecções e mortes a fim de aparecerem melhor classificados a nível internacional, evitando assim críticas à sua gestão. Esta manipulação é conseguida principalmente pela realização de menos testes, o que resulta em pior gestão da crise, pois sem dados confiáveis é impossível concentrar recursos naqueles que mais precisam deles.
3) Os Estados respondem aos interesses da classe rica, a burguesia, por isso a resposta à pandemia priorizou as necessidades de um grupo minoritário da população sobre a grande maioria. Isto normalmente acontece em todos os momentos e em todos os lugares: é o Estado que permite à burguesia ter melhor saúde, educação ou moradia, para citar alguns exemplos. Em tempos de crise isto se acentua e as desigualdades se tornam ainda mais evidentes. Na verdade, a burguesia tem uma expectativa de vida melhor do que o proletariado diante de pandemias como a Covid-19. Esta é uma decisão consciente das elites dos países, que leva à morte de milhares de trabalhadores.
4) Como os Estados não podem responder adequadamente à crise, e são incapazes de resolver os problemas de saúde ou sociais derivados da mesma, causam grande agitação e indignação, às quais respondem militarizando o país e reprimindo a população, a fim de evitar protestos sociais ou apaziguá-la, através da aplicação de “estados constitucionais de exceção”, toque de recolher e quarentenas forçadas (prisões).
5) A comunidade científica internacional recomendou que os Estados abordem a pandemia da Covid-19 através de uma combinação de estratégias. No entanto, estas recomendações foram ignoradas pelos Estados.
Hoje sabemos que é necessário aumentar significativamente o acesso de toda a população a elementos de proteção e higiene pessoal, tais como o uso de máscaras ou a lavagem das mãos, porém nenhum Estado facilitou maciçamente esses elementos. Os Estados também não trataram de casos de superlotação nas casas, meios de transporte e locais de trabalho, apesar da recomendação de distanciamento social. Os Estados responderam com repressão, através de quarentenas forçadas que não fazem distinção entre pessoas doentes, infectadas e saudáveis; um método anacrônico que não consegue concentrar recursos e produz uma crise sanitária, social e econômica maior.
Somente a proposta libertária é eficaz e eficiente porque nasce do acordo e não da imposição. A organização dos produtores, de baixo para cima, em seus locais de trabalho e em suas comunidades, pode não só fazer desta uma sociedade mais livre e igualitária, mas também pode enfrentar melhor crises, catástrofes e emergências. Longe de garantir a integridade das pessoas que vivem em seus territórios, os Estados comprometeram seriamente sua sobrevivência e sua subsistência.
F.A. 2020
Sociedad de Resistencia de Oficios Varios Valparaíso
Región de Valparaíso – Chile
Tradução > Liberto
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agência de notícias anarquistas-ana
pétala amarela
a borboleta saltou
sem pára-quedas
João Acuio
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!