Nova Orleans recentemente assistiu a alguns dos maiores protestos da história moderna da cidade, com milhares de pessoas a sair às ruas diariamente para exigir mudanças sistêmicas, incluindo o “desfinanciamento” da polícia e o investimento na moradia, na saúde e nos empregos. Estes protestos são a manifestação visível da organização popular que vem ocorrendo há décadas e não parou com o COVID-19.
Este vídeo destaca apenas algumas das muitas organizações que construíram e se organizaram para este momento, mesmo quando a cidade estava em quarentena, culminando não apenas em protestos em massa, mas também em ações diretas que ocuparam uma casa vazia para abrigar pessoas sem-teto da comunidade.
Há anos que a Assembleia dos Povos de Nova Orleans tem trabalhado para “reverter o orçamento”, “desfinanciar” a polícia e redistribuir esse dinheiro para necessidades e direitos essenciais. Quando as pessoas de Nova Orleans saíram às ruas para exigir justiça em resposta à violência policial local e nacional, incluindo o assassinato do soldador e músico Modesto Reyes, a Assembleia dos Povos estava entre as organizações que lideravam os protestos diários.
Em Nova Orleans e em todo o país, as mulheres transexuais negras têm sido desproporcionalmente alvo de violência policial e enfrentam discriminação no emprego, na habitação e na assistência médica. A House of Tulip, uma nova organização fundada por organizadorxs trans veteranxs, procura oferecer moradia para sem-teto das comunidades transgênero e não-conformes ao gênero.
Dias após o início da quarentena, um novo coletivo chamado Southern Solidarity começou a organizar ajuda mútua para apoiar as pessoas em necessidade. Como uma organização de apoio mútuo com uma análise abolicionista, vão além do apoio, desafiando os sistemas que deixam as pessoas sem teto e famintas. Fizeram parte de toda a organização apresentada no vídeo, liderada pelas comunidades afetadas, trabalhando para construir poder e libertação.
Dia 5 de maio, trabalhadores e trabalhadoras sanitárias que trabalhavam no Metro Service Group (as pessoas que andam na parte de trás dos caminhões e recolhem lixo) formaram um novo sindicato, o City Waste Union, e entraram em greve por pagamento adicional de trabalho perigoso, equipamentos de EPI, um salário digno e condições de trabalho mais seguras. A sua luta atraiu apoio de toda a cidade, incluindo a DSA New Orleans, Stand With Dignity e muitas outras organizações.
Um grupo que se autodenominava Equipe de Ajuda ao Cidadão de Nova Orleans formou-se entre as comunidades de rua para organizar face à questão da moradia e de proteções. Trabalhando com o músico e organizador Cole Williams, o reverendo Gregory Manning e o veterano do movimento pelos direitos civis Curtis Muhammad, começaram a ir diretamente aos hotéis para pressionar pela disponibilidade de moradias e prosseguiram para protestar na Câmara Municipal. Mais recentemente, tomaram casas vazias para fornecer habitação para aqueles e aquelas que ainda estão na rua.
Nova Orleans tem uma reputação de música e festivais, mas a cultura da cidade sempre esteve enraizada na luta, especialmente na resistência liderada pelos e pelas negras. Desde a revolta de 1811 para acabar com a escravidão, à luta pelo direito de retorno após o furacão Katrina, aos movimentos de hoje, não haveria cultura de Nova Orleans sem a luta pela liberdade.
>> Veja o vídeo (09:36) aqui:
Tradução > Ananás
agência de notícias anarquistas-ana
chegado para ver as flores,
sobre elas dormirei
sem sentir o tempo
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!