Elas entraram para a História com a cabeça erguida. Assumiram fábricas, enfermarias e também foram para o front
Por Luiza Villaméa
As primeiras combatentes vestiram o uniforme azul típico das milícias operárias. Eram as mulheres libertárias (anarquistas), às quais não demoraram a se juntar as socialistas e as comunistas. Na guerra civil que destroçou a Espanha entre 1936 e 1939, as mulheres ocuparam postos nas fábricas, assumiram enfermarias e também foram para o front.
Apenas a Coluna Aguiluchos, organizada pela Federação Anarquista Ibérica (FAI), contou com 200 milicianas. Para outras frentes de batalha antifascista também se alistaram estrangeiras, entre elas a filósofa francesa Simone Weil. Franzina e sem treinamento militar, Simone acabou reafirmando seu pacifismo após passar por uma unidade anarquista.
Coube a outra francesa, Marina Ginestà, estrelar uma imagem icônica da participação feminina no conflito. Integrante da Juventude Socialista, Marina tinha 17 anos quando posou com um rifle nas costas, no terraço do Hotel Colón, em Barcelona, para o fotógrafo alemão Hans Gutmann. Era julho de 1936 e o olhar de Marina não poderia ser mais desafiador.
A imagem ficou nos arquivos da agência de notícias Efe até começar a correr mundo, em 2002. Quatro anos depois, um pesquisador da agência identificou a retratada. “Aos 17 anos, eu não estava em condições de fazer a guerra”, disse Marina, lembrando que posara com um rifle emprestado. Ela viveu em Paris até janeiro de 2014, quando faleceu, com 94 anos.
Na época da fotografia, Marina atuava como intérprete do jornalista soviético Mikhail Koltsov, correspondente do jornal Pravda. Marina militou sem pegar em armas, mas garotas ainda mais novas que ela deram a vida à causa antifascista. Uma delas, Victoria López Práxedes, morreu aos 16 anos na Batalha de Talavera de La Reina, em setembro de 1936.
Para conquistar espaço no front, mulheres de todas as idades tiveram que batalhar tanto contra o fascismo como contra os preconceitos de seus próprios colegas de trincheira. No final, elas perderam a guerra para os fascistas liderados pelo general Francisco Franco, mas entraram para a História de cabeça erguida. Inspirado nesse processo, o cineasta espanhol Vicente Aranda filmou Libertarias.
agência de notícias anarquistas-ana
No perfume das flores de ameixa,
O sol de súbito surge –
Ah, o caminho da montanha!
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!