Sob o atual contexto de confinamento e luta diária para sustentar a vida diante dos perigos de uma pandemia, o estado racista deste país chamado Chile não para e acelera seu avanço autoritário contra as comunidades. Vimos isso também em meio a uma crise social, que se abateu no sul contra os horticultores e o povo mapuche em defesa de seus territórios para toda a vida. E só podemos mostrar nossa solidariedade com a resistência digna dessas comunidades, já que os imigrantes que habitam a região chilena estão sendo pisoteados pela mesma bota racista. É por isso que hoje denunciamos a emboscada que o governo de Sebastián Piñera está tentando realizar contra nossa existência através de seu projeto de uma Nova Lei Migratória que, sob o lema “arrumar a casa”, aspira a nada mais fazer do que reforçar a lógica criminalizadora e precária que tentou nos manter sob uma condição de submissão quase absoluta.
Para o governo, arrumar a casa implica que existem portas e janelas que serão fechadas para algumas pessoas que são consideradas “maus migrantes” porque não têm dinheiro ou títulos profissionais. Isso implica que alguns de nós serão descartados como lixo, objetos desgastados pela superexploração. Isso implica que existe uma nação considerada propriedade privada e administrada pelo poder político em detrimento de vidas humanas. Isso implica que nossa existência está hierarquizada em função da utilidade para o sistema capitalista. Isso implica, finalmente, que somos coisas e não pessoas.
Através de decretos à lei atual, a gama de vistos foi reduzida e vistos consulares foram impostos às comunidades indo-americanas e caribenhas que são um verdadeiro fechamento de portas. Foram realizados processos extraordinários de regularização que foram uma armadilha para os mais vulneráveis e que abriram as portas para expulsões em massa e deportações encobertas sob o rótulo de “retorno humanitário”. As portas agora foram fechadas. Para muitos de nós, isto significou a expulsão e a impossibilidade de reagrupamento familiar neste território. É neste contexto de decretos migratórios que surge para o Estado a necessidade de uma reforma que consolide a escalada racista. Pela mesma razão, consideramos que as organizações e referências acadêmicas que há anos vêm pedindo ao Estado “leis humanitárias” estão equivocadas de um profundo idealismo ou diretamente funcionais para a classe dominante em busca de privilégios. Por que devemos deixar o Estado engolir a chave agora?
Apelamos ao movimento social, convencidos de que somente o povo salva o povo, para se juntar a nós em um grito contra o avanço racista do Estado chileno. Que a solidariedade entre o povo se materialize hoje como acontece a partir de nossos bairros dia após dia, em uma retumbante rejeição da Lei de Imigração que procura nos separar. E essa luta só pode ser feita por meio de autonomia e ação direta e não pela negociação nos parlamentos dos pontos e vírgulas dos projetos de lei que são funcionais aos desígnios racistas.
NÃO AO NOVO PROJETO DE LEI DE IMIGRAÇÃO
PAPÉIS PARA TODOS!
Anarquistas Contra o Racismo
Tradução > Liberto
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agência de notícias anarquistas-ana
Cai a pedra n’água
partindo o espelho do rio:
as nuvens se esvaem.
Ronaldo Bomfim
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!