Uma companheira psicóloga quis compartilhar conosco sua visão sobre uma temática que está passando muito desapercebida, e que implicou em mortes que poderíamos categorizar inclusive como crimes de Estado, assim como um maltrato brutal a trabalhadoras de residências de pessoas idosas durante os piores momentos da emergência sanitária da Covid-19. Sirva este texto para ressaltar que deveríamos apoiar muito mais decididamente estas trabalhadoras, e denunciar os negócios por trás dos centros onde habitam nossos idosos. A comunidade social deve implementar ferramentas de cuidado coletivo, mas também assinalar aos que devem se encarregar publicamente disso e que abandonaram as famílias nos momentos mais críticos.
Morrer e viver com dignidade em uma sociedade que sequestra a vida
O termo eutanásia provêm do vocábulo grego <<eur>> que é um adjetivo que significa bom/a e <<thanatos>> que é um substantivo que denomina a morte.
O art. 16º da Constituição de 1978 expõe que cada indivíduo pode viver e atuar como considere oportuno, manifestando-se e expressando-se livremente, sempre e quando não vá contra a manutenção da ordem pública. Tendo em conta este artigo e sem debatê-lo mais além do que estamos tratando agora, deveria ser legal a eutanásia voluntária ativa, mas os “valores” e a “moralidade” de grande parte da sociedade segue considerando-a um assassinato. Desta maneira se impõe que deve prevalecer a vida acima de tudo, sem empatizar com aquelas pessoas que perderam sua qualidade de vida e não querem seguir mantendo-a com essas condições.
Na tabela seguinte se descrevem os quatro tipos principais de eutanásia com exemplos e o que contempla a lei em cada caso.
As residências de idosos, o grande buraco negro da Covid-19
Paralelamente, nos encontramos com esta situação de emergência sanitária e social onde centenas de cadáveres de anciãos foram acumulados em residências de idosos à espera de que as funerárias possam recolhê-los. Vários profissionais de saúde verbalizam não terem recebido nenhum tipo de ajuda por parte das administrações públicas, levando estas profissionais inclusive a abandonar seus empregos por não poder superar a situação.
A promotoria abriu várias investigações para esclarecer o ocorrido nas residências e analisar as negligências que ocorreram. Tendo em conta os convênios laborais e os esquemas existentes entre os centros de idosos e as administrações públicas, é muito provável que fiquem impunes e não se tome nenhum tipo de medidas para proteger nossos idosos que se encontram tão vulneráveis neste momento.
A falta de meios e o abandono se viram refletidas em situações tão críticas como deixar sem comer os residentes por encontrar-se no quarto com um companheiro/a com Covid-19, ou manter algumas pessoas idosas fechadas em seu dormitório com companheiros/as já falecidos/as há dias.
O sentimento de culpa e impotência que experimentam as profissionais não é responsabilidade delas como trabalhadoras, mas da péssima gestão de recursos que acontecem nos centros onde mais necessária era essa ajuda. A administração de EPIs em muitas residências dependeu dos próprios centros e não das ajudas que o governo prometeu fornecer.
Uma trabalhadora de uma residência de Madrid nos comenta o seguinte em uma carta: “Estamos sós. É a sensação que temos, a maioria do pessoal. No princípio desta crise sanitária o hospital de referência anexo à residência onde trabalho nos disse que estavam tão sobrecarregados que lhes era impossível o ingresso de algum ancião com sintomas, e que nem sequer podiam fazê-lo por uma fratura de quadril. A solução que nos deu foi administrar morfina aos pacientes terminais”.
“Não há abandono por parte do pessoal. Apesar de que mais da metade da equipe está de baixa ou têm sintomas, estamos nos esforçando para atender a nossos residentes. Também estamos fazendo todo o possível para que não percebam qual é a situação real desta pandemia”.
Tendo em conta tanto a situação legal atual sobre a eutanásia como as diversas circunstâncias que estão ocorrendo nas residências com nossos idosos, poderia ser interessante aprofundar na reflexão sobre a incoerência que mostra grande parte da sociedade ao impedir que pessoas que estão sofrendo não possam decidir livremente como e quando querem morrer, mas que sim, estão permitindo que nossos idosos faleçam em condições desumanas enquanto nos vendem que temos que proteger-nos para não contagiá-los como se só estivesse em nossas mãos a sua saúde.
Fonte: https://www.todoporhacer.org/moralidad-eutanasia-covid-19/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Rosa branca se diverte
Pétalas no vento
Imitam a neve.
Vinícius C. Rodrigues
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!